Acusado homem que matou e violou freira durante três horas

"Parte do referido trato sexual foi mantido pelo arguido quando a vítima se encontrava já morta", diz o Ministério Público que acusa o arguido dos crimes de homicídio qualificado, violação, profanação de cadáver, rapto e detenção de arma proibida.
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O homem que violou e matou uma freira de 61 anos em setembro passado, em São João da Madeira, foi acusado pelo Ministério Público (MP) dos crimes de homicídio qualificado, violação, profanação de cadáver e detenção de arma proibida relativos a esta vítima. O homem já tinha atacado outra mulher um mês antes e responderá ainda por mais crimes, de rapto, roubo e violação na forma tentada. Arrisca ser condenado à pena máxima de 25 anos.

Alfredo "Tito" Santos, 44 anos, estava em liberdade quando cometeu os crimes, mas já existia um mandado de detenção para ser executado após o primeiro caso referido nesta acusação em que tentou violar uma jovem. Antes tinha cumprido parte de uma pena de 16 anos por dois crimes de violação e estava em liberdade condicional desde maio de 2019. Os crimes em causa atualmente ocorreram em agosto e setembro passado.

Na acusação, datada do final de fevereiro, o MP aponta que, no caso da freira, "com a vítima inconsciente por força da contrição do pescoço a que fora sujeita, o arguido a despiu e manteve com ela trato sexual que perdurou por cerca de três horas, vindo a vítima, que se manteve sempre inanimada, a morrer".

A Procuradoria-Geral Distrital do Porto, que divulgou nota sobre a acusação, indica que "o Ministério Público indiciou ainda que parte do referido trato sexual foi mantido pelo arguido quando a vítima se encontrava já morta".

Os crimes que vitimaram a religiosa Antónia Pinho ocorreram na manhã do dia 8 de setembro do ano passado. Diz o MP que o arguido encontrou a freira em São João da Madeira e convenceu-a a "transportá-lo a casa de automóvel, a pretexto de que se encontrava alcoolizado". Já em casa, "impediu a vítima de abandonar o local agarrando-a pelo pescoço com um dos braços e socando-a na face e cabeça quando a mesma procurou resistir-lhe". De seguida praticou os abusos sexuais mesmo quando a vítima já estava morta.

Maria Antónia Pinho, a Irmã Tona como era conhecida em São João da Madeira, era uma pessoa muito considerada na comunidade local pelas atividades de voluntariado e por ser "radical" ao andar sempre de mota, numa lambreta. Tinha 61 anos e só tirou a carta de condução aos 58. Numa entrevista a um jornal local, a freira revelou ter entrado para o convento com 21 anos, ser licenciada em enfermagem e ter integrado a Congregação Servas de Maria Ministras dos Enfermos, no Porto. A sua morte provocou uma vaga de consternação e indignação.

O bispo do Porto e o cardeal-patriarca reagiram à sua morte, com D. Manuel Linda a dizer o sistema judiciário falhou.

O outro caso de que é acusado aconteceu um mês antes, em 14 de agosto, e a vítima foi uma jovem mulher de 20 anos. "Pela 01h30, em São João da Madeira, o arguido perseguiu uma mulher quando esta seguia apeada em direcção a casa, depois de sair do trabalho; e que a dado passo, mesmo se esta mostrava pretender esquivar-se-lhe, correu na sua direcção e abordou-a, agarrando-a por trás, com um braço à volta do pescoço; de seguida, refere a acusação, forçou-a a entregar-lhe o telemóvel e passou a arrastá-la, na direcção de um parque, com o intuito de a forçar a consigo manter relacionamento sexual", indica a nota divulgada pela PGDP. "O arguido, porém, não logrou estes intentos por ter surgido um veículo automóvel e os ocupantes, estranhando o que sucedia, interpelarem o arguido, aproveitando a vítima, momentaneamente liberta da acção daquele, para gritar por socorro", acrescenta.

O MP informa que "o arguido, que aguarda os ulteriores termos do processo em prisão preventiva, foi acusado como reincidente, tendo em conta os antecedentes criminais que já possui".

A acusação foi proferida em 29 de fevereiro pelo Ministério Público no DIAP de Aveiro, pela 1º secção de Santa Maria da Feira.

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