Bispo do Porto diz que morte da Irmã Tona foi bárbara e critica justiça, políticos e feministas
"Bárbaro assassinato". É assim que o bispo do Porto, D. Manuel Linda, classifica o homicídio da Irmã Maria Antónia, cujo corpo foi encontrado, no dia 8 de setembro, em casa do próprio suspeito do crime, já detido e em prisão preventiva, em São João da Madeira.
Em mensagem publicada no site da diocese, o bispo critica os serviços judiciais, já que o suspeito do crime tinha acabado de sair da prisão, onde cumpriu 16 anos de pena efetiva por violação, os políticos e até feministas por ninguém ter reagido ou condenado esta morte. Na mesma nota, o bispo diz que este crime obriga a "alguma reflexão social", sublinhando que, embora por natureza, todos sejamos "imagem e semelhança de Deus", no comportamento, "há verdadeiros monstros".
D. Manuel Linda refere que a Irmã Maria Antónia, de 61 anos, desde os 21 ao serviço da Igreja Católica, e bem conhecida em São João da Madeira pelo seu perfil bem-disposto e bondoso, terá passado por "um martírio", que "no mínimo, tem muito de paralelo com tantas mulheres, de todas as idades, que, na defesa da sua honra e dignidade, acabaram por pagar com a vida a resistência ao agressor depravado. Muitas foram mesmo declaradas beatas e santas. E este caso concreto obriga-nos a alguma reflexão social".
O bispo argumenta não saber se estes "monstros" "agem em liberdade", por culpa própria, sem responsabilidade moral, ou por que são portadores de patologias mais graves". Mas, seja como for, "a sociedade tem a obrigação de os curar, se tal for possível, ou, no mínimo, de proteger os mais vulneráveis da sua ação devastadora. Neste caso concreto, não sei se se fez isso. Não sei se as prisões são centros de recuperação ou «escolas do crime requintado». Não sei".
Para D. Manuel "o sistema judiciário falhou redondamente. A dar crédito aos jornais, foi preciso duas tentativas de violação, a juntar aos antecedentes criminais, para se emitir um mandado de captura do malfeitor. E a execução deste demorou tanto que, para a Irmã Antónia... já não foi a tempo. Alguém tem de ser responsabilizado por isto. Se é pouco previsível que o sistema judicial seja «chamado à pedra», pelo menos moralmente algumas pessoas hão de sentir-se culpadas pelo homicídio da religiosa".
O representante da Igreja Católica critica ainda não ter visto "nenhum político, nenhum (e nenhuma...) deputado desses radicais, nenhum organismo que diz defender os direitos humanos, nenhuma feminista veio condenar o ato. Nenhum e nenhuma! Porquê? Porventura porque, para elas (e para eles...) as vidas perdem valor se se tratar de pessoas afetas à Igreja. Sumamente, se defenderem a sua honra."
O corpo da religiosa foi encontrado em casa do suspeito, na cama do próprio, já sem vida e com sinais de estrangulamento e asfixia. O homem, conhecido em São João da Madeira por Tito, residia em casa da mãe, e o alerta à polícia terá sido dado pelo próprio irmão do suspeito.