Setenta por cento da área ardida no concelho de Mação encontra-se em "fase de rescaldo" e nos restantes 30% do território atingido ainda lavra uma frente repartida. A informação foi avançada pela Proteção Civil, num briefing na Sertã, que teve como objetivo atualizar a situação do fogo rural que deflagrou no sábado em Vila de Rei e que alastrou para Mação (distrito de Santarém)..O comandante operacional do Agrupamento Centro Norte, Pedro Nunes, disse que o "pior cenário confirmou-se" esta segunda-feira à tarde, com vários reacendimentos. .Em Vila de Rei, adiantou, o fogo encontrava-se ao início da noite desta segunda-feira em "fase de resolução". Em Mação, onde o fogo ainda está a ser combatido em 30% do território atingido, as chamas atingiram uma zona que já tinha ardido em 2017..Segundo o mesmo, "o incêndio teve um comportamento extremo", com muita libertação de energia - acima da capacidade de extinção dos meios -, e a prioridade foi defender pessoas e bens. "Não era possível fazer outra coisa", sublinhou..Para as próximas horas, é esperado que "o fogo perca alguma intensidade", estando em curso uma redefinição da estratégia por parte da Proteção Civil, que irá recorrer ao uso de máquinas de rasto e ao ataque direto às chamas..Pedro Nunes diz que "não há nenhuma aldeia ou povoação em perigo"..Durante a tarde, quatro pessoas - três elementos das corporações de bombeiros e um GNR - foram assistidas, com ferimentos ligeiros..Desde o início da ocorrência, foram assistidas 39 pessoas, das quais 16 tinham ferimentos ligeiros e uma apresentava ferimentos graves..De acordo com a informação disponível no site da Proteção Civil, o fogo que deflagrou em Vila de Rei está a ser combatido por 1017 operacionais, apoiados por 324 meios terrestres e três meios aéreos..Proteção Civil apela à responsabilidade dos cidadãos.Na Sertão, Mourato Nunes, presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, apelou à responsabilidade de todos os cidadãos em matéria de incêndios. "A proteção civil temos de ser todos nós. Cada cidadão tem de ser um agente da proteção civil", reforçou.."É o trabalho em rede e generalizado que nos vai permitir trazer respostas positivas", sublinhou o general, destacando que não rejeitava as suas responsabilidades. "Mas todo o trabalho pode ser facilitado se houver resposta de cidadania"..Sobre as críticas dos autarcas à forma como os meios têm sido colocados no terreno, Mourato Nunes disse que não considera que "a ausência dos meios [os dois Kamov que receberam autorização para voar amanhã] tenha prejudicado o que foi a ação no local". ."O emprego dos meios é feito de acordo com as necessidades que a cada momento são sentidas", reforçou, destacando que os Kamov fazem parte do dispositivo e que a responsabilidade da sua utilização passou para a Força Aérea Portuguesa..No concelho de Penalva do Castelo, distrito de Viseu, as chamas estão a ser combatidas por 171 operacionais, 44 viaturas e um meio aéreo. No mesmo distrito, concelho de Penedono, o fogo exige a intervenção de 220 bombeiros e 61 viaturas..Em Penedono, o incidente é um reacendimento de um fogo que deflagrou na tarde de domingo, às 17:49, em Beselga, uma das freguesias mais a sul de Penedono e a fazer fronteira com o concelho de Sernancelhe, e que durante a madrugada chegou a estar dominado..O incêndio em Penalva do Castelo é em mato, com início às 17:26 de hoje, em Antas e Miuzela, e "também longe de habitações", informou o Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu..Helicópteros em terra por falta de inspeção.Esta tarde, a Agência Nacional de Aviação Civil deu autorização para a utilização de três dos seis helicópteros pesados Kamov - dos seis que se encontravam parados para manutenção há mais de um ano..O anúncio surgiu um dia depois de uma denúncia do deputado do PSD, Duarte Marques, que, na SIC Notícias, criticou o facto de haver seis helicópteros parados num heliporto, no norte do país. O deputado considerou que a situação é uma "vergonha", dado que um dos helicópteros deveria estar desde 1 de julho disponível em Ferreira de Zêzere, a cerca 18 quilómetros de Vila de Rei, um dos concelhos mais afetados pelos incêndios recentes..Segundo o Público, que cita o advogado da HeliPortugal, a empresa que ganhou o concurso para operar os meios, três helicópteros ligeiros Ecureuil B3 aguardam uma inspeção, em princípio ainda esta semana..De acordo com a mesma fonte, "tem havido um atraso por parte da ANAC no tratamento dos processos e soma-se a esta questão o facto de empresas concorrentes, a Babcock e a HTA, terem impugnado o concurso de aluguer de helicópteros. A Heliportugal e a Helibravo ganharam o concurso. O processo de impugnação deu origem à suspensão do concurso a 15 de Maio"..Segundo Nuno Faria, "é certo que este ano a suspensão operada pela impugnação infundada da Babcock atrasou significativamente o processo mas o facto é que havia já mais do que tempo para a ANAC poder, em tempo útil, ter emitido as autorizações há, pelo menos, duas semanas".