O serviço de informações militares ucraniano afirmou esta terça-feira esperar que as ações de desestabilização e desinformação por parte da Rússia atinjam o máximo entre março e maio, com vista a dividir os ucranianos e semear divisões no apoio ocidental..Segundo um comunicado do serviço de informações do Ministério da Defesa ucraniano divulgado esta terça-feira, o plano promovido por Moscovo no seguimento da invasão da Ucrânia há dois anos recorre a "sabotagem planeada, operações de informação e provocações arrogantes" e terá um pico nos próximos três meses até maio, em preparação de uma fragilização das forças de Kiev na primeira quinzena de junho.."A Operação Especial Maidan-3 atingirá o seu culminar em março-maio de 2024. Nas próximas semanas, o inimigo fará todos os esforços para espalhar narrativas destrutivas para a segurança global e tentar incitar conflitos - tanto dentro da Ucrânia como noutras partes do mundo onde existe um apoio eficaz à Ucrânia", refere o comunicado..A operação em causa e que alude ao nome da revolução ucraniana que há uma década afastou a influência do poder de Kiev, visa, segundo a "secreta" militar, perturbar a mobilização para as Forças Armadas, espalhar desinformação sobre a capacidade da Ucrânia em vencer a guerra e "criar e espalhar falsificações sobre o 'cansaço da Ucrânia' entre os aliados ocidentais" para reduzir o seu apoio militar..Dentro da Ucrânia, os objetivos da Rússia, prossegue o serviço de informações, pretende, por sua vez, "desmoralizar os ucranianos, semear o pânico entre a população, criar uma barreira entre os militares e os civis e colocar todos em conflito com todos", incluindo representantes da liderança política e da sociedade civil.."Os serviços especiais russos têm vasta experiência na condução de guerras híbridas. Não gastam menos em ataques de informação contra a Ucrânia do que em guerra convencional", alerta o texto do comunicado, citando um relatório ucraniano que aponta para um gasto, no âmbito da Operação Maidan-3 de 250 milhões de dólares (230 milhões de euros) para "a propagação do sentimento antiucraniano" só na rede social Telegram..O orçamento total da operação "foi astronómico", no valor de 1,5 mil milhões de dólares (1,38 mil milhões de euros) e é a ação "mais cara dos serviços especiais russos da história"..Segundo os serviços da "secreta" de Kiev, a metodologia é tradicional e envolve duvidar da legitimidade das decisões governamentais tomadas na Ucrânia, espalhar o pânico e a descrença, opor artificialmente os civis aos militares e espalhar todos os tipos de "teorias da conspiração" na sociedade.."Isto está a acontecer no contexto das declarações públicas da Rússia sobre a criação de novos tipos de superarmas, que, segundo os russos, deverão garantir a superioridade técnica da Rússia sobre o Ocidente durante a próxima década", aponta o comunicado, acrescentando que este tipo de narrativa "implica que a resistência aos objetivos da Rússia na Ucrânia é perigosa para o mundo" e a pressionar outros países para um diálogo sem a participação de Kiev..O serviço de informações alerta ainda que os planos de Moscovo apontam para que, na primeira quinzena de junho, a situação da Ucrânia ficará prejudicada e, em consequência disso, "será derrotada militarmente no leste" do país..O comunicado apela à sociedade ucraniana e aos parceiros de Kiev para que "reforcem a resistência conjunta e medidas de segurança abrangentes, especialmente no espaço da informação, para combater eficazmente as ameaças e desafios globais da nova guerra híbrida global"..A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022..Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia..O conflito -- que entrou no terceiro ano - provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.