PSOE mais perto da abstenção que deixará Rajoy formar governo

Maioria dos líderes regionais socialistas quer evitar uma terceira ida às urnas no espaço de um ano. Dirigente da Catalunha já avisou que os seus sete deputados vão manter o não
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Duas semanas depois de Pedro Sánchez ter abandonado o cargo de secretário-geral do PSOE, os socialistas espanhóis parecem estar cada vez mais longe do não a um governo de Mariano Rajoy defendido pelo recém demitido líder e mais perto da abstenção, evitando assim umas terceiras eleições legislativas no espaço de um ano. Mas esta mudança de sentido de voto, que terá de ser aprovada pelo Comité Federal, não é bem aceite por todos os líderes regionais e até por grande parte dos militantes.

Pela primeira vez o PSOE da Andaluzia, a mais poderosa federação regional do partido e que é liderada por Susana Díaz, defendeu a abstenção do partido de forma a permitir a investidura de Mariano Rajoy como primeiro-ministro.

"Nenhum socialista quer que o PP governe", disse ontem o número dois do PSOE andaluz, Juan Cornejo, ressalvando porém que "este país não pode ir a novas eleições por culpa de as forças políticas não serem capazes de formar um governo".

O braço direito de Susana Díaz no PSOE andaluz afirmou ainda que é necessário começar a "convencer" os militantes e os dirigentes socialistas de que a abstenção é a melhor saída, sublinhando que "é tão importante governar, como liderar a oposição".

O sentido de voto dos socialistas em relação à investidura de Mariano Rajoy deverá ser decidido na próxima reunião do Comité Federal do PSOE, que poderá realizar-se no domingo. Mas o líder interino do PSOE, Javier Férnandez, que preside à comissão gestora e ao Principado das Astúrias, mas também Susana Díaz têm constatado nos últimos dias que grande parte dos militantes é a favor do "não" a Rajoy, como defendia Pedro Sánchez. Bem como alguns dirigentes fiéis ao ex-secretário-geral e os deputados eleitos pela Catalunha e pelas Baleares.

A favor da abstenção estão, além de Férnandez e Díaz, Javiér Lambán (presidente do governo de Aragão), Ximo Puig (líder da Comunidade Valenciana), Emiliano García-Page (presidente da Junta de Castela-Mancha) e Guillermo Fernández Vara (líder da Junta da Extremadura).

Uma sondagem Metroscopia publicada no domingo pelo El País mostra que 49% dos eleitores do PSOE acredita que a prioridade é impedir um novo governo chefiado por Rajoy.

O El Mundo escrevia ontem, depois de ouvir várias fontes socialistas, que foi apresentada nos últimos dias à Comissão Gestora uma solução apelidada de "imaginativa" que agradasse aos militantes que defendem o "não" a Rajoy, mas também permitisse a formação de governo e evitasse umas terceiras eleições. Ou até mesmo uma desobediência à disciplina de voto, caso o Comité Federal opte pela abstenção. Solução essa que seria a ausência ou a abstenção de 11 dos 85 deputados socialistas na votação de investidura.

O líder do Partido dos Socialistas da Catalunha garantiu ontem que os sete deputados catalães no Congresso irão votar contra a investidura de Mariano Rajoy, seja qual for a decisão do Comité Federal do PSOE. "Eu defendia um governo alternativo, mas isso é já impossível. Entre Rajoy e umas terceiras eleições, terceiras eleições", defendeu ontem o primeiro-secretário do PSC, Miquel Iceta, que se encontrará esta semana com Javier Fernández para discutir esta posição discordante.

"O que defendo é a coerência", sublinhou o líder catalão, reeleito este sábado. "Se o PSOE permitir que Rajoy continue a governar teremos o pior dos governos possíveis e uma oposição que terá dificuldades e exercer a sua oposição".

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