A celebração de umas terceiras eleições legislativas deixaria ainda mais frágil o PSOE, como consequência do cisma vivido na última semana dentro do partido. Segundo a sondagem GAD3 para o jornal ABC, o Partido Popular (PP) conseguiria 159 dos 350 deputados do Congresso enquanto os socialistas cairiam dos 85 atuais até aos 68, convertendo-se na terceira força política do país atrás do Podemos (69). O primeiro-ministro em funções, Mariano Rajoy, conseguiria assim formar governo só com o apoio do Ciudadanos, que perderia sete deputados (elegia 25) mas teria um papel relevante para o desbloqueio político..A sondagem, que foi feita antes da demissão de Sánchez no sábado, também revela que seis em cada dez eleitores do PSOE consideravam que ele não tinha capacidade para estar à frente do partido nesta etapa. Curiosamente, os eleitores do Podemos estavam mais confiantes em Sánchez do que os próprios eleitores socialistas - 50% dos que apoiaram a candidatura de Pablo Iglesias nas eleições de 26 de junho consideram que o ex-secretário-geral socialista era o líder adequado para o PSOE face a 41% dos que pensam o contrário. A maioria dos eleitores (54,5%) defendem uma abstenção dos socialistas para permitir a eleição de Rajoy, enquanto 20% preferiam um governo com o Podemos e os nacionalistas..Reunião da comissão gestora.A comissão gestora constituída depois da demissão de Pedro Sánchez, no sábado, teve ontem a sua primeira reunião na sede do partido. O seu presidente, Javier Fernández, deixou claro que a missão principal deste grupo de trabalho "é conduzir o partido a um novo congresso e chegar a uma situação diferente". O também presidente do governo das Astúrias reconheceu que é necessário "baixar a temperatura" que existe dentro do partido e disse esperar que "o espetáculo lamentável que aconteceu no sábado não se repita". Fernández foi muito sincero ao reconhecer que o PSOE "estava numa dinâmica interna insustentável" e que urge "apagar o fogo interno que nos está a consumir"..[artigo:5420869].Sobre os passos a seguir dentro do partido não foram dadas muitas pistas. A posição do PSOE num debate de investidura de Rajoy "será decidida no próximo Comité Federal", que ainda não tem data marcada. Fica descartada a celebração do referido comité no próximo sábado, mas poderia acontecer no dia 15 ou 22 deste mês. Os socialistas querem avançar o mais rapidamente possível tendo em conta que o prazo-limite para evitar as terceiras eleições é 31 de outubro. Antes, Fernández pretende convocar um conselho territorial para que os barões socialistas, presidentes regionais e secretários-gerais, onde não governa o PSOE, possam tomar uma decisão..Também não se sabe quando vai ser o próximo congresso. Por enquanto, está vigente o "não" a Rajoy e não se tem falado, na reunião, em dar liberdade de voto aos deputados socialistas numa futura investidura. Fernández reiterou que a sua posição como presidente das Astúrias é "não ir às terceiras eleições". Mas como presidente da comissão gestora lembra: "Não posso pronunciar-me porque isto não é uma direção política." Sabe que a solução para o problema da governabilidade de Espanha passa pelo PSOE, sendo ao mesmo tempo problemático para o partido que está fragilizado. Neste cenário complicado, "a pior solução para o PSOE e para o país é ir a terceiras eleições"..Sobre as possíveis mudanças dentro do grupo parlamentar socialista, "não serão drásticas", sem estar confirmado se vão manter os porta-vozes do Senado e do Congresso. Também confirmou que está disponível para falar com Rajoy se o primeiro-ministro em funções falar com ele. Também houve palavras de apoio a Pedro Sánchez, que vai manter-se como deputado, pela sua "dedicação" e "o trabalho nestes dois anos muito duros"..Em Madrid.[artigo:5419848]