Eleitores do PSOE divididos entre facilitar ou travar governo de Rajoy

Segundo sondagem da Metroscopia para o El País, 59% acredita agora que é possível chegar a uma solução de governo
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Os eleitores socialistas estão divididos sobre a melhor solução para tirar Espanha da crise política em que mergulhou há dez meses, mas não sobre qual é o melhor cenário para o seu partido. Segundo a última sondagem Metroscopia, ontem publicada pelo jornal El País, 49% dos eleitores do PSOE acredita que a prioridade é impedir um novo governo chefiado por Mariano Rajoy, líder do Partido Popular. E 47% pensa que o mais importante é evitar novas legislativas. Quando questionados sobre o que consideram ser o melhor para o partido, a maioria, ou seja, 56%, conclui que o mais conveniente para o PSOE é abster-se no debate de investidura e deixar o PP de Rajoy continuar a governar em Espanha.

Após os desenvolvimentos das últimas semanas, sobretudo a demissão de Pedro Sánchez de secretário-geral dos socialistas, fez que as expectativas dos cidadãos mudassem um pouco. Se há um mês uma ampla maioria, 68%, considerava praticamente inevitável a realização de novas eleições, agora a maioria, 59%, acredita que é possível chegar a uma outra solução que afaste uma nova ida às urnas em Espanha. Nas duas eleições legislativas anteriores (a 20 de dezembro e 26 de junho) nenhum partido ou combinação de partidos conseguiu uma maioria absoluta de deputados. Na ausência de qualquer consenso, manteve-se o impasse político.

Pedro Sánchez defendeu até à última, até se dar por vencido, o não a um novo governo Rajoy. Demitiu-se a 1 deste mês e o PSOE passou a ser administrado por uma Comissão Gestora, que é presidida por Javier Fernández, presidente do governo das Astúrias. Entendido como mais conciliador, Fernández tem a tarefa de organizar um Comité Federal (que ao dia de hoje ainda não tem data marcada) no qual será decidida a posição do partido no debate de investidura. O tom conciliador de Fernández é aplaudido pelos socialistas. De acordo com a Metroscopia, 45% dos eleitores do PSOE considera positiva a atitude do presidente da Comissão Gestora e 29% classificam-na como negativa.

O rei Felipe VI vai iniciar dia 24 consultas com os partidos com vista ao debate de investidura. Este deverá acontecer antes do prazo limite para um governo: dia 31. Se os socialistas se abstiverem, poderá assumir funções um governo minoritário do Partido Popular, apoiado pelo Ciudadanos. Caso contrário haverá novas eleições durante o mês de dezembro. Segundo aquela sondagem, realizada entre os dias 10 e 13, se houvesse hoje novas eleições, o resultado não seria bom para o PSOE. Assim, o PP de Rajoy subiria dos 33% que teve a 26 de junho para 37,8%, quase cinco pontos mais. Na segunda posição surgiria a coligação entre o Podemos e a Esquerda Unida (a Unidos Podemos) com 22,1% (nas últimas eleições obteve 21,1%). Só depois, em terceiro lugar, surgiria o PSOE com apenas 18% (a 26 de junho teve 22,7%). A ultrapassagem do PSOE pela coligação de Pablo Iglesias e de Alberto Garzón, que falhou nas eleições anteriores, consumar-se-ia desta vez, de acordo com este estudo.

Segundo o último barómetro do Centro de Investigaciones Sociológicas, CIS, de setembro, a falta de governo é das preocupações que mais crescem entre os espanhóis. Em julho esse era um assunto que preocupava apenas 6,4% dos inquiridos neste estudo, em setembro essa percentagem quase duplicou e subiu para 11,6%. O barómetro mensal do CIS tem revelado uma evolução nos temas que mais preocupam os espanhóis ao longo dos anos. Tempos houve em que o terrorismo da ETA ou a imigração constituíam a principal preocupação em Espanha. Hoje, sobretudo após a crise, é o desemprego que mais inquieta. Segue-se a preocupação com corrupção e fraude, os partidos políticos, a crise económica e, na quinta posição, a falta de governo no país. O barómetro foi realizado pelo CIS entre os dias 3 e 12 de setembro, com recurso a 2483 entrevistas.

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