Qual a importância da cochinita pibil para a gastronomia do Yucatán? Existe há muitos séculos?A cochinita pibil é o símbolo da gastronomia do Yucatán. A sua história, cultura, tradição e património cultural remontam aos tempos áureos dos maias, quando preparavam os seus guisados com urucum e de forma "enterrada". Não era propriamente cozinhada com carne de porco, uma vez que a carne de porco foi introduzida pelos espanhóis durante a colonização, mas já era consumida com carne de veado, faisão e peixe.Pela primeira vez, foi feita em Portugal uma cochinita pibil 100% autêntica, "enterrada" no jardim da embaixada mexicana em Lisboa. Como surgiu a ideia?Como yucatecos, orgulhamo-nos da nossa gastronomia e queremos sempre partilhá-la com o mundo. Acreditamos que todos no planeta deveriam experimentar as iguarias do povo maia pelo menos uma vez na vida. A ideia de trazer a cochinita "enterrada" para Portugal surgiu de conversas com o embaixador Bruno Figueroa, a sua querida esposa Verónica e o nosso presidente da FEDETUR, a federação de turismo do Yucatán, Frank Sosa Candila. A oportunidade de oferecer esta experiência culinária autêntica e única em solo português e europeu pela primeira vez fascinou-os desde o início. A excitação foi tão grande que a notícia foi partilhada com outras cidades portuguesas. Estamos a planear um festival gastronómico e cultural na cidade da Guarda em maio de 2026, em conjunto com o Instituto Politécnico da Guarda e a embaixada.Como referiu, antes de os espanhóis introduzirem a carne de porco no México, no século XVI, já se cozinhava carne "enterrada" ou "ao buraco". Eram sobretudo aves?Utilizávamos aves como o faisão, também o veado, o tatu e ainda o peixe, de forma requintada, com todos os ingredientes que a natureza nos forneceu.Como surgiu a designação "Príncipe Maia", de que tanto se orgulha?O nome "Príncipe Maia" foi criado para homenagear os nossos guerreiros maias. Poucos de nós ainda preservamos os métodos ancestrais de cozinhar com fumo, lenha e fogo. . Como foi tornar-se um cozinheiro tradicional e mestre pibil?Foi um longo percurso que remonta à infância, herdado da minha mãe, com quem aprendi o amor pela minha cultura e tradições. Senti a necessidade de aprender mais todos os dias e de divulgar este ensinamento e partilhá-lo com as pessoas e com o mundo. . Qual é o segredo do sabor tão apreciado da cochinita pibil? A marinada prévia, com ingredientes yucatecos e especiarias como a canela e a pimenta, ou a cozedura lenta, com pedras aquecidas por lenha, durante umas 12 horas, debaixo de terra?É tudo. A terra, a lenha, a pedra, o calor, o urucum e os seus temperos, equilibrados de forma sagrada e feitos com todo o amor de um mestre pibil e no tempo perfeito. Tudo isto faz deste guisado um dos pratos mais procurados em todo o mundo. São sabores místicos procurados por um "Príncipe Maia" que nasceu da representação yucateca de um jovem que queria ser um peregrino da sua cultura, história e gastronomia..Uma cochinita pibil 100% autêntica feita pela primeira vez em Portugal ."Além da beleza do palácio, o que tem de especial esta embaixada do México é que todos a conhecem por fora"