Greve Climática. Estudantes voltam à rua na véspera da Cimeira do Clima

Filhos fazem greve à escola e os pais ao trabalho para chamarem a atenção para a conferência onde deverão ser decididas novas metas de combate às alterações climáticas. "Esta manifestação foca-se em mobilizar as pessoas para a COP25", diz uma das organizadoras.
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A greve climática estudantil volta à rua esta sexta-feira, ​​​​​​em vésperas da 25.ª Conferência das Nações Unidas Sobre as Alterações Climáticas, que acontece em Madrid entre 2 e 13 de dezembro. Filhos e pais - que também criaram um movimento sobre as alterações climáticas - reúnem-se, pela quarta vez, às 10:00 na Praça Luís de Camões, em Lisboa, de onde seguirão para a Assembleia da República.

"Todas as manifestações têm alguns princípios diferentes, apesar de terem uma linha comum: nós não vamos desistir até ganharmos. Esta manifestação foca-se - não em parar Lisboa, porque convocámos a greve em cima da hora -, mas em mobilizar as pessoas para a COP25, que vai acontecer em Madrid", explica Alice Vale de Gato, uma das organizadoras do movimento Greve Climática em Portugal, que convocou a manifestação.

Durante o protesto, estão planeadas ações para explicar a importância da COP25 - como é mais conhecida a cimeira anual sobre as alterações climáticas que reúne mais de 190 países. E serão ainda divulgadas informações sobre o grupo português que se deslocará a Madrid, durante a cimeira em que serão discutidas as revisões das metas das emissões de gases, enunciadas no Acordo de Paris (2015) e que têm obrigatoriamente de ser ajustadas até 2020.

Na lista das reivindicações nacionais previstas para o protesto desta sexta-feira repetem-se os motivos das manifestações anteriores: as dragagens do Sado, as concessões para a exploração de gás natural, de lítio e a construção do aeroporto do Montijo. "O Governo disse que ia fechar as centrais termoelétricas de Sines e do Pego, mas ainda não aconteceu e não está garantida a requalificação dos trabalhadores. Não há justiça climática, sem justiça social", diz Alice Vale de Gato.

A jovem ambientalista considera que as três manifestações anteriores contribuíram para despertar a opinião pública para as questões ambientais. Por isso, voltam à rua, em Lisboa e noutras sete cidades: Porto, Coimbra, Faro, Penafiel, Évora, Santa Maria (Açores) e Caldas da Rainha.

Manifestação repete-se em 153 países

As cidades portuguesas juntam-se a um movimento mundial, que vai decorrer em mais de 2 300 cidades de 153 países. São esperados mais de 100 mil manifestantes na Greve Climática Global, esta sexta-feira, estima a FridayForFuture.

A iniciativa global partiu da adolescente sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que se tornou uma ativista na luta contra as alterações climáticas, desafiando decisores políticos de todo o mundo. Ficou conhecida por ter incentivado todos os estudantes a fazerem greve às "sextas-feiras, pelo futuro", denunciando a inércia dos políticos nacionais e internacionais perante as alterações climáticas. No total já se realizaram 63 mil greves climáticas, desde agosto de 2018, que contaram com a participação de 223 países.

Greta Thunberg, que marcará presença na COP25 em Madrid, deverá passar antes por Portugal. Embora ainda não seja conhecida a data, quanto tempo ficará e o que irá fazer.

Declaração de "emergência climática e ambiental"

O Parlamento Europeu declarou esta quinta-feira o estado de "emergência climática e ambiental" e defendeu que a União Europeia se deve comprometer a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030, para atingir a neutralidade climática até 2050. No entanto, as Organizações não-governamentais defendem 65% para conseguirem atingir a mesma meta.

No texto aprovado em Estrasburgo está explicito que "é fundamental tomar medidas imediatas e ambiciosas para limitar o aquecimento global a 1,5°C e evitar uma perda maciça de biodiversidade".

A ​​​​​redução das emissões requer um esforço abrangente de todos os setores e, por isso, o executivo comunitário defende que os países devem ser incentivados a incluir as emissões provenientes do transporte marítimo e aéreo internacional nos contributos determinados a nível nacional (CDN), lembrando que o setor dos transportes é o único que registou um aumento das emissões desde 1990.

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