Ventura defende-se: Era uma ação de "comunicação" aos cidadãos para avisar que "estavam a ser roubados"
André Ventura disse esta segunda-feira, na sequência da notícia de que tinha dado entrada na Procuradoria-Geral da República uma queixa-crime pelo protesto do Chega na sexta-feira - que passou por colocar tarjas na fachada da Assembleia da República -, que ele seria o único culpado daquilo que considerou ser uma "comunicação" aos cidadãos "de que estavam a ser roubados".
O líder do Chega garantiu que voltaria a fazê-lo hoje e justificou que, "se não o" fizessem "grande parte dos portugueses não sabia o que estava a ser feito", classificando a reposição dos 5% do salário dos políticos, que foi um corte feito em 2010 durante o governo de José Sócrates, como um "roubo que estava a ocorrer nas suas costas".
O também deputado do partido de extrema-direita disse estar de "consciência perfeitamente tranquila" perante aquela que afirmou ser uma decisão exclusivamente sua, num "momento difícil e de grande animosidade política", referindo-se ao dia da votação final global do Orçamento do Estado para 2025.
André Ventura confirmou que o seu grupo parlamentar entregou no Parlamento "um pedido" com a indicação de que todos os deputados e demais elementos da estrutura política do partido, a nível "nacional, regional e local", abdicaríam de "toda a reposição".
O líder do Chega adiantou ainda que, caso sejam obrigados a receber a reposição dos 5% nos seus vencimentos, os membros do partido "entregarão essa parcela de dinheiro" a associações como as que se dedicam à "luta contra o cancro" ou à proteção de "animais abandonados".
"Não queremos esse dinheiro", sublinhou.
André Ventura terminou a sua intervenção com um protesto em torno da ideia de que "o país perdeu a noção do que é a democracia", com uma série de queixas movidas contra si terem proliferado ao longo do último mês, o que considerou ser "um resquício dos tempos do PREC [Processo Revolucionário em Curso]".
"Apesar de tudo isto, quero dizer que confio como sempre confiei nas instituições da justiça", afirmou, antes de criticar associações e aqueles que "de forma cobarde" procuram "anonimamente desviar a atenção" para o condenar, o que leva a que as instituições judiciais "tenham de estar a perder tempo com isto".
"Lamento que grande parte do país" embarque no "encarceramento dos opositores políticos", considerou.