Algarve, Lisboa e Vale do Tejo são as regiões do país onde a falta de professores é mais expressiva. É também nestas zonas que os preços do arrendamento são mais elevados, “não sendo possível um professor pagar o alojamento tendo em conta o salário que recebe”. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) acredita que a solução, a curto e médio prazo, passa pela atribuição de um apoio à renda ou pela disponibilização de casa por parte das autarquias, “como já existe, por exemplo, em Cascais ou Oeiras”. “Esta seria das melhores soluções possíveis. Seria ainda melhor que as câmaras arranjassem habitações condignas para os professores ocuparem no tempo em que estiverem nesses contextos do que o apoio à renda”, defende. Contudo, o dirigente admite poder haver dificuldades para disponibilizar casas em concelhos mais pequenos e, por isso, “deveriam ter apoio do poder central”. “O poder local teria uma forma de resolver o problema, apoiado pelo poder central no caso dos concelhos com menor capacidade económica. Em Cascais, por exemplo, a autarquia disponibiliza quartos com ótimas condições por um valor baixo. A solução para a falta de professores, sobretudo a Sul, passa por este tipo de medidas”, sustenta. Para Filinto Lima, estes apoios são “as medidas que faltam” e “seriam um grande passo para combater a falta de professores nestas regiões”. Contudo, o presidente da ANDAEP diz ser necessário olhar para o problema da escassez de docentes a longo prazo, com a implementação de medidas e mudanças na valorização da carreira docente. “O apoio para a renda resolve parte do problema a curto prazo, mas não podemos esquecer que se reformam cerca de quatro mil professores por ano e entram poucos jovens no sistema”, alerta. Por isso, defende, “melhorar as condições salariais, combater a burocracia e rever a avaliação de desempenho”, são aspetos que precisam de alterações efetivas e rápidas. Cascais: Autarquia alarga medida de apoio aos professores deslocadosNo ano letivo passado, a Câmara Municipal de Cascais (CMC) colocou à disposição dos docentes deslocados mais de uma centena de quartos a preços acessíveis, alguns em moradias reabilitadas em zonas nobres da cidade. Este ano, o município reforçou a oferta para os docentes, com o objetivo de garantir aulas para todos os alunos. Em declarações ao DN, o presidente da Câmara eleito, Nuno Piteira Lopes, garante o sucesso da medida e promete a sua continuidade. “O que motivou a câmara a agir foi a falta de oferta e o aumento do valor das rendas que, se associarmos ao facto de muitos destes professores terem já encargos assumidos na sua habitação de raiz, têm dificuldade e, muitos, recusam a colocação. A não candidatura dos docentes podia ter prejuízos quer para as escolas, quer para os alunos. O que pretendemos é dar resposta a estes desafios”, explica. O objetivo, conta, “é permitir que docentes deslocados se sintam atraídos pelo concelho e que os alunos não fiquem prejudicados com a falta de professores”. “A medida tem impacto positivo na escola pública e aumenta a qualidade do ensino no nosso concelho”, sublinha. E havendo capacidade por parte dos municípios, o autarca defende que a medida deve ser alargada a outros conselhos, pois “é fundamental apostar na educação”. “No final do dia, o que estamos a proporcionar é que todos os jovens possam ter um acesso a mais qualidade na sua formação e uma geração mais preparada para continuar a desenvolver o país. A educação é um pilar fundamental no desenvolvimento do nosso concelho”, conclui.Segundo a autarquia, a procura pelo alojamento disponibilizado pela CMC tem aumentado sendo que este ano letivo e, pela primeira vez, o município teve procura por parte de agregados familiares completos “o que levou ao alargamento da oferta do tipo de imóvel disponibilizado de forma a responder à procura dos professores/famílias”.Novo alojamento temporário para professores em OeirasO Município de Oeiras inaugurou, na terça-feira, um novo alojamento destinado a professores deslocados. A intervenção de cerca de 267 mil euros, foi realizada no âmbito do Plano Municipal de Alojamento Apoiado para Docentes.A câmara tem em vigor o Programa Municipal de Alojamento Apoiado para Docentes (PMAAD), criado no ano letivo 2019/2020. No ano passado foram inauguradas duas novas residências, uma com sete quartos e outra com oito, que se juntaram às já existentes. Cada quarto tem uma renda mensal de 150 euros, incluindo despesas de gás, eletricidade, água, internet, TV e outros serviços essenciais. Segundo a autarquia, o PMAAD “já acolheu 82 professores deslocados de todos os AE/ENA do Município”.O DN entrou em contacto com a Associação Nacional de Municípios, mas a entidade não quis falar sobre o tema..Mil horários sem professor atribuído. Ministro diz que isso “não quer dizer que os alunos estejam sem aulas”.Falta de docentes agravou-se. Mas problema "deixou as manchetes"