Estão adjudicados todos os sete lotes do concurso para prestação de serviços de operação e manutenção da SIRESP, a rede exclusiva do Estado para as comunicações de emergência..Fonte oficial da SIRESP, S.A., que faz a gestão deste processo, sublinha que "a adjudicação destes lotes materializa o resultado do concurso, permitindo cumprir o prazo definido pelo Estado", até 31 de dezembro..O concurso registou 13 candidaturas, a que corresponderam 16 propostas..O primeiro lote, referente aos serviços de manutenção da rede TETRA, já havia sido adjudicado no dia 21 de novembro, à empresa Motorola. Os restantes seis foram agora adjudicados..De acordo com a SIRESP, S.A., os serviços divididos pelos seis lotes que faltavam foram divididos por cinco empresas diferentes:.Lote 2 -Serviços de transmissão por circuitos terrestres do SIRESP, adjudicado à empresa NOS;.Lote 3 - Serviços de redundância de transmissão via satélite, adjudicado à empresa NOS;.Lote 4 - Serviços de manutenção das infraestruturas básicas de suporte do SIRESP, adjudicado à empresa OMTEL;.Lote 5 - Serviços de manutenção e evolução dos sistemas de informação do SIRESP, adjudicado à empresa NO LIMITS;.Lote 6 - Serviços para fornecimento de energia através de grupos eletrogéneos a estações base do SIRESP, adjudicado à empresa MOREME;.Lote 7 - Serviços de implementação e Operação de um Security Operations Center do SIRESP, adjudicado à empresa ALTICE LABS..Assinala ainda a empresa que "as propostas agora adjudicadas preveem a evolução da rede SIRESP no sentido da integração de novas soluções tecnológicas, assumindo a vontade de transferir a totalidade da gestão da rede SIRESP para as mãos do Estado, que passará a ter um sistema de comunicações de emergência e segurança mais resiliente, robusto e seguro"..Nesta decisão, acrescenta, "está a salvaguarda do interesse público e da soberania do Estado"..O atual Ministro da Administração Interna herdou este processo de concurso numa situação nada pacífica, envolvendo conflitos dentro do próprio MAI, entre secretários de Estado (o anterior Antero Luís e a ainda secretária de Estado da proteção Civil Patrícia Gaspar e entre a sua antecessora Francisca Van Dunem e a antiga administração da SIRESP, S.A., com trocas de acusações sobre favorecimentos às então empresas fornecedoras (Motorola e Altice), cujo contrato durava há 15 anos..Para afastar "conflitos de interesses" e "suspeições", assegurando "a transparência do processo", no curto espaço de tempo em que acumulou as funções da Justiça com a Administração Interna (dezembro de 2021 a março de 2022), a ministra Francisca Van Dunem afastou a então presidente da SIRESP, S.A., Sandra Perdigão Neves, e um consultor do MAI, respetivamente ex-quadro da Altice e da Motorola - as duas principais fornecedoras da rede..Van Dunem enviou uma denúncia ao Ministério Público e em outubro passado a Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária (PJ), num inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) realizou várias buscas, incluindo na Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), na empresa Siresp, S.A. e a mais três empresas, entre as quais a Altice, relacionadas com contratos do SIRESP..Em causa, segundo o comunicado do Ministério Público, estão suspeitas de corrupção, tráfico de influência, recebimento ou oferta indevida de vantagem, participação económica em negócio, abuso de poder e prevaricação.Quando anunciou o concurso, José Luís Carneiro garantiu que o caderno de encargos integrava "as recomendações do Tribunal de Contas, da Comissão Técnica Independente dedicada aos incêndios de 2017 e da ANACOM (entidade à qual Van Dunem tinha pedido um parecer), promovendo as regras da concorrência, da isenção, da imparcialidade e independência na prossecução do interesse público"..Como "garantia da defesa do interesse público" o Ministro salientou as personalidades que constituíram o júri do concurso, presidido por Luís Correia, doutorado pelo Instituto Superior Técnico (IST) em engenharia eletrotécnica e consultor para operadoras de comunicações móveis e da ANACOM..Em entrevista ao DN, a secretária de Estado da Administração Interna, Isabel Oneto, garantiu que o concurso era "à prova de bala"..Em junho do ano passado, o então ministro Eduardo Cabrita tinha falhou o prazo para o concurso público, que devia ter ficado concluído em junho, e foi feito um ajuste direto ás empresas antes contratadas, um processo criticado pelo Tribunal de Contas.