A PSP vai avançar com quatro dias de protestos no final de outubro, com o objetivo de valorizar as condições de trabalho dos agentes. O presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Armando Ferreira, explicou ao DN que a "hemorragia não dá para parar", numa referência ao facto de estarem a sair mais agentes da PSP do que a entrar. O sindicato vai ser ouvido pela ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, no dia 24 deste mês, mas, nos três dias que antecedem esse encontro, haverá ações de luta que, por agora, se limitam à distribuição de folhetos para alertar para o problema. No entanto, o representante da PSP avisa: "Não descartamos avançar para outras formas de luta."De acordo com o comunicado do Sinapol, as "ações de protesto" terão lugar nos dias 21, 22, 23, e 24 de outubro, "nas principais gares aeroportuárias, ferroviárias e rodoviárias do país", com o "objetivo de chamar a atenção para a urgência" de serem encontradas "medidas concretas que valorizem profissional e salarialmente os polícias portugueses, face à contínua falta de resposta por parte do Governo aos graves e cada vez mais agonizantes problemas que afetam as forças de segurança".O sindicato acusa o Governo de negligência por "não alterar diversos diplomas legais que são fundamentais para o futuro da segurança pública do país".Ao DN, Armando Ferreira afirma que os polícias "preocupam-se mais com a segurança pública do que os cidadãos" em geral, no entanto, alerta que desde 2019 não tem sido possível fazer um curso na Escola Prática de Polícia que tenha tido todas as vagas preenchidas, o que significa que a PSP está a perder agentes.De acordo com o líder do Sinapol, no dia 9 de setembro começou um curso para formar polícias para o qual concorreram cerca de 3000 pessoas. O curso só tinha 800 vagas, mas só 653 foram preenchidas. Entretanto, só apareceram 615 candidatos, o que, explica Armando Ferreira, se deve à baixa atratividade da profissão."Há o risco de entrarmos nos 400 e muitos", alerta o sindicalista, enquanto lembra que, durante os próximos quatro anos, cerca de 5000 polícias vão para a pré-reforma."Só no ano passado foram para a pré-reforma 600 polícias, enquanto entraram 400", remata, insistindo na alegoria que tinha evocado para descrever todo este processo: "A hemorragia não dá para parar.""Não se está a defender o futuro da segurança pública em Portugal", alerta Armando Ferreira, vincando a ideia de que os polícias querem que os cidadãos saibam "que não estão a lutar para ter ordenados altos, estão preocupados com a segurança".Armando Ferreira critica as condições em que a profissão de polícia é exercida atualmente, descrevendo que "no inicio de carreira, a ter de trabalhar em Lisboa, independentemente de onde um agente seja, ganha limpos 1200 euros por mês".Lembrando que um agente "só tem garantia de ter habitação no primeiro ano de serviço" em que está longe da família "e com folgas cortadas", "isto dá vontade de fazer a pergunta retórica: Uma pessoa pensaria ir para a polícia?"Com tudo isto, Armando Ferreira diz que a polícia "caminha a passos largos para a extinção".Esta segunda-feira, dia 6 de outubro, Maria Lúcia Amaral começou a ouvir as estruturas sindicais das forças de segurança, começando pela Associação Nacional de Profissionais da Guarda (ANOG) e pela Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP).Apesar disto, Armando Ferreira diz não acreditar que se trata de negociações."A ministra não está a negociar nada com a ASSP, nem vai negociar nada com o Sinapol", garante, classificando estes encontros com o Governo como um "subterfúgio de que estava a haver negociações", quando na prática são apenas "reuniões"."O Orçamento do Estado vai ser aprovado sem contemplar verbas essenciais para valorização profissional dos polícias", conclui o líder do Sinapol..Sindicatos da PSP contra calendário negocial proposto pelo Governo com Sinapol a anunciar protestos