A Segurança Social dos Açores vai enviar na próxima semana para o Ministério Público o relatório da inspeção à creche de Rabo de Peixe onde quatro funcionárias estão a ser investigadas por alegados maus-tratos a crianças.“No âmbito da nossa averiguação, de serviços inspetivos, já concluímos o relatório e, na próxima semana, irá ser entregue às entidades competentes, atendendo àquilo que foi apurado”, disse este sábado Eduardo Nicolau, presidente do Instituto da Segurança Social dos Açores (ISSA), à agência LusaEm 30 de maio, o jornal Açoriano Oriental revelou que a Casa do Povo de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, tinha apresentado uma queixa-crime contra quatro funcionárias por alegados maus-tratos contra as crianças que cuidavam, com idades entre 1 e 3 anos.“Fizemos a nossa parte, penso até que com tempo adequado, porque conseguimos fazer o apuramento em duas a três semanas”, admitiu o presidente do ISSA, indicando que o relatório vai ser enviado para as entidades competentes, incluindo o Ministério Público.Eduardo Nicolau indicou que o Ministério Público “será a entidade competente para apurar aquilo que lá está referido”, sem adiantar pormenores sobre o que foi investigado, alegando que não pode “dizer mais do que isso”.O responsável admitiu que o apurado pela Segurança Social dos Açores está “bem circunstanciado, com toda a matéria probatória necessária”.Uma fonte do Ministério Público disse à Lusa na terça-feira que o processo decorre os seus trâmites normais e encontra-se em segredo de justiça.Entretanto, Lisandra Faria, mãe de uma das crianças alvo de alegados maus-tratos, referiu também naquele dia à Lusa que as quatro funcionárias da creche estão suspensas há duas semanas.Lisandra Faria, que entretanto retirou da instituição a sua criança por “falta de confiança” em alguns funcionários, adiantou que o processo segue os seus trâmites normais.Na terça-feira a Lusa também tentou confirmar a suspensão das quatro funcionárias junto do presidente da Casa do Povo de Rabo de Peixe, Carlos Estrela, mas este estava de férias.A Lusa também tentou ouvir a tutela da Segurança Social açoriana, sem sucesso até ao momento, o mesmo acontecendo com o presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe.Já o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, não quis prestar declarações sobre o caso, por não estar relacionado com a autarquia.A estação de televisão CNN referiu que o presidente da Casa do Povo de Rabo de Peixe suspendeu as funcionárias em maio, tendo o tribunal ordenado posteriormente que “fossem readmitidas ao trabalho, ainda que sob vigilância”.Bruno Rego, outro dos pais, referiu que não está na posse de mais nenhuma informação, além do facto de o processo estar a decorrer, tal como refere também Tânia Raposo, outra mãe com uma criança na instituição, referindo que há imagens que testemunham os alegados maus-tratos.Os pais e a comunidade de Rabo de Peixe promoveram entretanto uma petição, hoje com 2.661 assinaturas (até às 18h45 locais, mais uma hora em Lisboa), dirigida ao presidente do Governo Regional, à direção da Casa do Povo de Rabo de Peixe e à Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, que pede a “suspensão imediata das quatro funcionárias visadas na queixa-crime” enquanto “decorrer o processo e a investigação a cargo do Ministério Público”.No documento refere-se que “é inaceitável que, face a uma acusação tão grave - e apresentada pela própria entidade empregadora - a(s) funcionária(s) permaneçam no exercício das suas funções ou em contacto com menores”.“Esta situação viola o princípio da precaução e desrespeita os direitos fundamentais das crianças e das respetivas famílias”, lê-se na petição.