São João recebeu 15 doentes do Amadora-Sintra numa noite e tem "disponibilidade total" para acolher mais
"Não fugimos às nossas responsabilidades", assegura o presidente do Hospital de São João, que destaca o "esforço solidário". Sublinhou "a generosidade dos profissionais" de saúde, elogiou o INEM e a Proteção Civil pela operação "em tempo recorde" de transferência de 15 doentes do Amadora-Sintra.
O presidente do Hospital de São João garantiu na quarta-feira "disponibilidade total" para continuar a receber doentes de outros hospitais, isto numa noite em que chegaram a esta unidade hospitalar do Porto 15 doentes covid-19 do Amadora/Sintra.
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"A disponibilidade do hospital é total. Vamos rever as necessidades dia a dia e tentaremos dar uma resposta cabal (...). Não fugimos às nossas responsabilidades e se for necessário receber um número tão elevado quanto este amanhã [quinta-feira] ou nos próximos dias temos capacidade para o fazer", disse Fernando Araújo.
O presidente do concelho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de São João (CHUSJ) acompanhou ontem à noite a operação de acolhimento de 15 doentes infetados com o novo coronavírus do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF), no concelho da Amadora (distrito de Lisboa).
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"Alguns destes doentes apresentam estado grave e complexo"
Oriundos do mesmo hospital eram aguardados outros cinco no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E).
As ambulâncias começaram a chegar ao São João cerca das 21:15, estando programada a chegada de três grupos de cinco ambulâncias cada.
Fernando Araújo precisou que alguns dos doentes "vêm com ventilação não invasiva e apoio médico no transporte".
Chegados ao Hospital de São João serão "avaliados na urgência e encaminhados para local mais adequado", disse Fernando Araújo, observando que a necessidade de fazer uma "nova avaliação [para somar à feita no Amadora/Sintra] se deve às três horas de viagem entretanto efetuadas".
"Alguns destes doentes apresentam estado grave e complexo", referiu Fernando Araújo.
Profissionais e dirigentes do Amadora/Sintra "têm feito um esforço notável"
Falando em "esforço solidário", o responsável do CHUSJ destacou "a generosidade dos profissionais do Hospital de São João" e elogiou o INEM e a Proteção Civil por terem organizado a operação "em tempo recorde", sem esquecer o Hospital Amadora/Sintra.
"A terceira nota que acho fundamental é para os profissionais e dirigentes do Amadora/Sintra. Têm feito um esforço notável numa altura muito complicada. Todo o apoio que possamos dar é pouco para aquelas equipas que estão seguramente muito desgastadas. Esta colaboração vai manter-se nos próximos dias", referiu.
Responsável por um centro hospitalar que até ontem acolhia cerca de 150 doentes covid-19, dos quais 48 em cuidados intensivos, Fernando Araújo defendeu que "a articulação entre unidades é fundamental num momento de grande complexidade", frisando que "não existem questões regionais".
"O hospital [de São João] tem capacidade de plasticidade. Já o demonstrou na primeira vaga quando não sabíamos o que ia acontecer. Conseguimos adaptar-nos com alguma flexibilidade às necessidades", concluiu.
Esta não é a primeira vez que o CHUSJ recebe doentes da zona Sul, mas também de unidades do Norte e Centro do país, disse Fernando Araújo, sem precisar números.
Centro Hospitalar do Baixo Vouga recebe doentes de Vila Franca de Xira
Paralelamente, na terça-feira, fonte do CHVNG/E indicou à agência Lusa que seriam acolhidos quatro doentes do Hospital Beatriz Ângelo, de Loures, bem como três do Centro Hospitalar do Oeste.
Ontem o Hospital de Aveiro, que juntamente com os hospitais de Águeda e Estarreja constituem o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV), avançou que está a receber doentes provenientes de outros hospitais, nomeadamente um proveniente de Vila Franca de Xira e outro de Torres Vedras, estando prevista a chegada de mais dois doentes do Beatriz Ângelo.
Sobre o Amadora/Sintra, cujos dados mais recentes regista 368 pessoas internadas com covid-19, fonte deste hospital disse ontem à Lusa que este hospital não está a receber doentes respiratórios em ambulâncias, desde as 16:00 de terça-feira, devido uma sobrecarga no serviço de urgência.
"Os doentes transportados de ambulância são desviados para outros hospitais, os doentes que chegam pelo seu próprio pé têm a porta aberta da nossa urgência. [...] Só a urgência respiratória covid é que não está a receber ambulâncias", informou a fonte.