Na mensagem proferida na noite de 24 de dezembro de 2025 o patriarca de Lisboa, Rui Valério, deixou um apelo a uma sociedade mais humana, fundada na proximidade, no cuidado e na responsabilidade partilhada. Para Rui Valério, o Natal não deve ser vivido como uma ideia abstrata, mas como um convite concreto à transformação das relações humanas. “Não para falar de esperança e de paz como ideias distantes, mas para abrir, no concreto da nossa vida quotidiana, caminhos de proximidade, de união e de concórdia”, afirmou.Perante uma sociedade marcada por tensões, exclusões e discursos de desconfiança, nomeadamente em relação aos migrantes, o Patriarca defendeu a necessidade de um olhar diferente sobre o outro, sobretudo sobre quem é mais frágil ou invisível. “Enquanto sociedade, somos convidados a olhar de outro modo para quem está perto de nós e, sobretudo, para quem é mais frágil ou parece invisível”, afirmou, alertando para os riscos de uma “lógica fria que exclui, descarta e fragmenta”.Ao evocar o presépio como lugar simbólico central da celebração cristã, Rui Valério sublinhou a consciência do valor único de cada ser humano. “Ninguém é um número, um produto ou um recurso descartável. Cada pessoa é única, portadora de uma dignidade que nenhuma circunstância pode apagar”, afirmou. E acrescentou: “Independentemente da língua que fale, da terra de onde venha ou da história que traga consigo, cada rosto merece respeito, reconhecimento e a possibilidade de construir uma vida digna para si e para a sua família.”O Patriarca apresentou ainda o Natal como uma “escola de esperança”, capaz de revelar pontes onde parecem existir apenas muros e de abrir caminhos onde tudo parece bloqueado. Trata-se, disse, de uma esperança “concreta”, que acredita na possibilidade de renovação mesmo nos contextos mais áridos.A mensagem incluiu também uma referência explícita aos povos marcados pela guerra, pela violência e pelo medo. Para Rui Valério, a paz é possível, mas não nasce da força: nasce da transformação dos corações e da abertura ao outro. A esses povos e famílias deixou uma palavra simples e direta: “não estão sozinhos”.Concluindo, o Patriarca de Lisboa lembrou que o presépio de Belém permanece como sinal de que “a vida pode sempre recomeçar” e de que “a paz começa quando abrimos espaço, no coração e na sociedade, para o outro”, deixando votos de um Santo Natal a todos.Assista a mensagem:.Uma viagem ao simbolismo do Natal ucraniano, com todos os antepassados presentes e muita música.Um retrato de família e tradição na comunidade hindu, que consegue celebrar “dois natais”