PSP investiga agente detido por ligações a grupo neonazi. “A lei aplica-se a todos”, diz diretor nacional
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), Luís Carrilho, classificou, esta terça-feira (24), como “grave” o facto de um agente da força estar envolvido num grupo de ideologia neonazi. A declaração foi feita à margem de um seminário em Lisboa, na sequência da detenção de um polícia suspeito de pertencer ao Movimento Armilar Lusitano (MAL).
"Um Estado de direito democrático significa que a lei se aplica a todos, até aos polícias", afirmou Carrilho, em declarações registadas pela agência Lusa. O responsável sublinhou ainda que a PSP tem mecanismos de controlo interno e externo que permitem atuar perante suspeitas de discriminação.
O agente em causa exercia funções na Polícia Municipal de Lisboa e foi detido na semana passada. Está indiciado, juntamente com outros três arguidos, por crimes relacionados com terrorismo e infrações de grupo terrorista, puníveis com penas entre oito e 15 anos de prisão. Todos os seis arguidos do processo são também suspeitos de posse de armas proibidas.
Carrilho informou que foi de imediato instaurado um inquérito disciplinar ao agente por parte do comandante da Polícia Municipal. “Sempre que há alegações de discriminação, é obrigatória a comunicação aos nossos gabinetes disciplinares. E isso tem sido feito”, garantiu.
Segundo dados revelados pelo diretor nacional, nos últimos 14 anos foram instaurados 60 inquéritos internos na PSP relacionados com racismo e xenofobia. Desses, 44 foram arquivados, cinco resultaram em punições e os restantes continuam em análise.
A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, também presente no seminário que decorreu na Escola Superior de Comunicação Social, defendeu a importância de distinguir casos isolados da instituição como um todo. “Não se deve confundir, jamais, a árvore com a floresta”, afirmou. E deixou claro que os crimes de que este agente é suspeito são “inaceitáveis num país como Portugal”.
O seminário “Migrações e Retorno: Novos rumos para a Europa” assinala o início das comemorações dos 158 anos da PSP. Durante o evento, foi também discutida a proposta aprovada em Conselho de Ministros que prevê a criação de uma nova unidade de estrangeiros e fronteiras dentro da PSP, medida que foi defendida pela ministra Maria Lúcia Amaral.
Luís Carrilho garantiu que a força está preparada para assumir novas competências, caso a medida avance no Parlamento. "A PSP está preparada e adequada para assumir novas responsabilidades para cumprir a sua missão sempre com o objetivo de garantir a segurança pública", sublinhou.