Projeto português em São Tomé e Príncipe quer reforçar literacia em saúde oral
Uma missão portuguesa, financiada pelo Ministério da Saúde, quer reforçar a literacia em saúde oral em São Tomé e Príncipe e recolher dados de 1200 pessoas para influenciar políticas públicas, avançou Leonor Marinho, da Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) Mundo a Sorrir.
O projeto "São Tomé and Príncipe Oral Health – Prevention and Education for Health, Phase 1" (Saúde Oral em São Tomé e Príncipe - Prevenção e Educação para a Saúde, Fase 1) insere-se no programa "Saúde nos Junta", da secretaria-geral do Ministério da Saúde português, que financiou integralmente a missão com cinco mil euros, explicou a coordenadora técnica do Projeto Saúde a Sorrir São Tomé e Príncipe, da Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) Mundo a Sorrir.
Um dos objetivos desta missão é a realização de um levantamento epidemiológico da saúde oral da população são-tomense, com a avaliação clínica de cerca de 1200 pessoas em oito distritos do país, referiu a responsável, adiantando que este projeto resulta de "uma parceria entre a Egas Moniz School of Health and Science e a ONGD portuguesa Mundo a Sorrir".
"Queremos contribuir, por um lado, para a criação de dados em saúde oral" e, por outro, "criar aqui uma aproximação com países lusófonos e permitir a troca de experiências científicas entre nós e os estudantes do curso de saúde oral e dentária e assim contribuir para a melhoria da saúde oral da população são-tomense", disse a professora da universidade portuguesa.
Após a investigação, os dados serão disponibilizados ao Ministério da Saúde de São Tomé e Príncipe, "com quem a Mundo a Sorrir tem um protocolo de cooperação para o desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidência científica", frisou.
A iniciativa incluirá, assim, a formação teórica e prática dos estudantes do curso de saúde oral e dentária do Instituto Superior de Ciências da Saúde Victor Sá Machado (ISCSSM), com quem os profissionais portugueses estão a colaborar diretamente, sendo que a formação será presencial entre 30 de agosto e 13 de setembro.
"Durante esse período vamos dar algumas aulas específicas, mais ligadas à parte de saúde periodontal, e vamos acompanhar os alunos no tratamento de alguns doentes. Vamos ter dois dias de tratamentos", adiantou.
A primeira fase do projeto começou oficialmente com a assinatura do contrato em 2 de julho, mas os trabalhos de preparação decorrem já na universidade portuguesa.
"Estamos a criar o programa das aulas e a definir todas as condições de trabalho em São Tomé e Príncipe", referiu a docente.
Segundo explicou, além da vertente educativa e clínica, pretende-se lançar as bases para uma colaboração científica mais duradoura.
"A nossa ambição é depois continuar o projeto, [até porque] as doenças orais são altamente preveníveis, mas muito prevalentes [neste país]. Estão também ligadas a doenças crónicas não transmissíveis como a diabetes e as cardiovasculares", lamentou.
De acordo com a informação presente no 'site' da secretaria-geral do Ministério da Saúde português, o Programa "Saúde nos Junta" pretende contribuir para o fortalecimento dos sistemas de saúde - particularmente nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) - ao promover a formação e capacitação de recursos humanos, a prestação de cuidados de saúde especializados, a implementação de intervenções comunitárias e o desenvolvimento de atividades científicas.