Líderes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão estar reunidos na Guiné Bissau hoje e amanhã na XV cimeira da comunidade. Diversas resoluções foram negociadas nos últimos meses para aprovação no encontro, que ocorre entre os dias 17 e 18 de julho. Em entrevista ao Diário de Notícias, o embaixador do Brasil na CPLP, Juliano Nascimento, afirmou que são boas as expectativas para a cimeira. “Teremos muitas coisas interessantes”, começa por dizer o diplomata.Nascimento destaca uma resolução proposta pelo Brasil contra o racismo no desporto. “Todos já acharam interessante a nossa resolução, que apelidamos de “Vini Jr”, explica. A referência é ao jogador brasileiro do Real Madrid que é frequentemente vítima de violência racista.Apesar do nome ser de um jogador de futebol, Juliano Nascimento explica que não se limita a este desporto. “No fundo, não é só para o futebol. No futebol ficou mais evidente por conta do Vini Jr. e de outros episódios, porque não foi só ele também”, ressalta.Segundo o representante do Brasil na CPLP, o objetivo é pressionar para haver punições para estes casos de racismo. “A ideia dessa resolução é não só chamar a atenção para o problema, mas dizer que os nossos governos farão o possível para pressionar as organizações desportivas, FIFA etc, o Comité Olímpico, para que haja investigação e punição”, reforça.Na visão do diplomata, uma resolução conjunta tem mais força. “A impunidade para esse tipo de caso é muito grave. Então, estamos a reforçar isso, dizendo que estamos juntos nessa luta e que a gente procurará responder sempre em conjunto, que nenhum dos países ficará sozinho quando se defrontar com uma situação desse tipo”, reflete. De acordo com o embaixador, são altas as chances de aprovação desta resolução.Brasil na presidência da CPLPA cimeira também ficará marcada pela apresentação oficial da candidatura do Brasil para presidir a CPLP entre 2027 e 2029. “Já falámos nos bastidores com os países todos, dizendo que o Brasil tem essa vontade, que o Brasil quer assumir a presidência da CPLP de 2027 a 2029”, conta.Segundo o embaixador, os países “receberam bem” a ideia, que será votada amanhã pelos chefes de estado da CPLP. O Brasil estará representado no evento pelo chanceler Mauro Vieira.Outra aprovação na cimeira será a da Austrália como país observador na CPLP. De acordo com Juliano Nascimento, a Austrália será o primeiro país a ser observador num novo molde estabelecido pela CPLP, que é o de ser mais participativo. “Foi aprovado em São Tomé, que não basta que os observadores apenas assistam às reuniões, fizemos essa reforma”, explica. O objetivo é que “o observador se engaje também com projetos que estão em andamento, que proponha atividades que possam engajar as nossas comunidades”. Um das atividades, por exemplo, poderá ser o reforço do ensino do português na Austrália. Na visão do diplomata, será também uma forma de estreitar laços com o país, já que tanto Portugal como o Brasil possuem um grande número de cidadãos a viver nesse país. Por fim, nesta cimeira será aprovado um documento em forma de balanço dos últimos dez anos da CPLP. No próximo ano, em 2026, será a vez de lançar um plano estratégico para os cinco anos seguintes, de 2027 a 2032. Antes, estes planeamentos eram de uma década, mas foram reduzidos. “No mundo de hoje, você fazer um projeto de dez anos é muita bola de cristal demais tudo muda muito rápido, a velocidade das coisas avançou demais”, argumenta.A cimeira será aberta oficialmente na sexta-feira, mas os trabalhos já começaram esta semana. Portugal estará representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. A presença do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ainda não está definida.amanda.lima@dn.pt.Montenegro elogia mobilidade na CPLP e espera que português seja língua da ONU.China faz o elogio da parceria com Portugal e vê país como uma ponte para a UE e a CPLP