Uma professora de uma escola de Espinho, no distrito de Aveiro, vai ser julgada por alegadamente ter agredido sete crianças estrangeiras e de as mandar "para a terra delas", humilhando-as perante os colegas..A docente, de 63 anos, que se encontra de baixa médica está pronunciada por sete crimes de maus tratos, incorrendo ainda na pena acessória de proibição de exercício de funções públicas de docência a menores..Segundo a acusação, os factos ocorreram no ano letivo 2019/2020, quando a arguida dava aulas aos alunos do 1.º ano de uma escola no concelho de Espinho..Entre os menores encontravam-se sete alunos estrangeiros a quem, segundo a acusação, a arguida se dirigiu por diversas vezes, dizendo que a culpa da crise em Portugal era dos estrangeiros e que eles deviam "ir para a terra deles"..A acusação do Ministério Público (MP) refere ainda que a arguida agrediu vários destes menores com bofetadas e pancadas na cabeça e chamava-os de "deficientes e burros" quando erravam as respostas..Em janeiro de 2020, a professora foi afastada da docência destes menores, na sequência de um processo disciplinar que lhe foi instaurado pelo Agrupamento de Escolas, que concluiu que a arguida "violou normas funcionais, nomeadamente os deveres de zelo e correção"..Em consequência, a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares aplicou-lhe uma pena disciplinar de suspensão por 30 dias, suspensa na sua execução por um ano, continuando a professora a exercer funções de docência no ensino básico até à data em que foi deduzida a acusação do MP, em agosto de 2023..A arguida requereu a abertura de instrução, tendo a juíza de instrução decidido levá-la a julgamento, por entender que existem "indícios suficientes da prática pela arguida dos factos descritos na acusação"..Na fase de instrução, a arguida negou os crimes, admitindo apenas que se tratava de uma turma "difícil" que nunca experienciou em 30 anos de docência, mas disse não ter qualquer explicação para estas crianças e os pais lhe imputarem os factos..Alegou ainda existirem "incongruências e inconsistências" nas declarações dos menores, que a juíza disse ser "perfeitamente justificadas", devido ao tempo decorrido e à tenra idade das testemunhas.