José Sócrates, antigo primeiro-ministro
José Sócrates, antigo primeiro-ministroFoto: Gerardo Santos

"Pouca-vergonha". Sócrates crítica escolha de Carlos Alexandre para a Comissão de Combate à Fraude no SNS

Para Sócrates, a nomeação, ainda não confirmada oficialmente pelo Governo, "vem provar a parcialidade política que exuberantemente exibiu durante o inquérito do processo Marquês", no qual é arguido.
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O antigo primeiro-ministro e arguido na Operação Marquês, José Sócrates, condenou esta quarta-feira, 26 de novembro, a alegada escolha do juiz Carlos Alexandre para ficar à frente da Comissão de Combate à Fraude no Serviço Nacional da Saúde (SNS).

Numa declaração pública, Sócrates considerou que o cargo "foi criado especialmente para acomodar esta escolha". "A nomeação vem provar – sem remissão - a parcialidade política que exuberantemente exibiu durante o inquérito do processo Marquês", escreveu.

Classificou a nomeação como sendo "uma pouca-vergonha, para utilizar a expressão que o senhor primeiro-ministro trouxe recentemente para o espaço público".

De acordo com a resolução publicada esta quarta-feira em Diário da República, a Comissão de Combate à Fraude no SNS será presidida por um magistrado e terá elementos permanentes da Polícia Judiciária, da Inspeção Geral da Saúde e das Finanças e do Infarmed.

É referido que o nome do magistrado que ficará à frente desta comissão terá de ser aprovado em Conselho de Ministros, mas o Jornal de Notícias adianta esta quarta-feira que será Carlos Alexandre, o juiz que conduziu processos mediáticos como a Operação Marquês ou o caso BES.

Esta comissão tem como missão "centralizar, coordenar e executar a estratégia de prevenção e deteção da fraude no âmbito do SNS, em articulação e cooperação com as entidades competentes para a efetivação das responsabilidades disciplinar, financeira e criminal".

Perante a notícia da nomeação do magistrado, José Sócrates afirma que "há muito a dizer" e estabelece uma comparação com o que se passou no Brasil, aquando da detenção de Lula da Silva, atual presidente brasileiro. "Por agora, fiquemos pela analogia do lawfare brasileiro. A crónica desta nomeação de Carlos Alexandre é em tudo semelhante à do juiz Sérgio Moro. Ali, o juiz prendeu o adversário politico e recebeu o prémio de ministro de Bolsonaro; aqui, a paga vem, cuidadosamente, onze anos depois da minha prisão no processo marquês", refere o antigo chefe do Governo.

"Lá, como cá, a escolha dos juízes foi vigarizada - aqui com a fraude na distribuição, ali com a trapaça da escolha da jurisdição", defende.

De acordo com José Sócrates, que promete "voltar ao assunto", agora "só falta a 'prenda de Natal' já prometida pelo senhor Procurador-Geral ao senhor primeiro-ministro".

José Sócrates, antigo primeiro-ministro
Criada Comissão de Combate à Fraude no SNS

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