Mais de 500 escolas do ensino básico e secundário em Portugal estão degradadas, reconheceu hoje o ministro da Educação, anunciando um plano de investimento para a recuperação do parque escolar que não fique dependente apenas de fundos europeus.."Neste momento temos mais de 500 escolas que estão identificadas como estando em estado de degradação. São quase 10% do total das escolas e isso resultou da falta de planeamento", criticou o ministro da Educação, Ciência e Inovação durante a audição no parlamento sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025)..Fernando Alexandre lamentou que a lógica até agora fosse "quando há fundos europeus, gasta-se"..Segundo o ministro, o parque escolar tem cerca de seis mil escolas, pelo que não é "muito complicado ter um plano de investimento anual", que seja um plano independente que permita pensar numa ação a médio e longo prazo..As obras tanto poderão vir a ser pagas por fundos comunitários, orçamento do estado ou empréstimos ao Banco de Investimento: "Não podemos trabalhar em função dos fundos europeus. A ideia é fazer um plano de investimento e os Governos vão à procura das verbas", defendeu..O ministro acrescentou que "o plano ainda não está feito" e "será sempre feito em articulação com as autarquias"..Segundo a proposta de OE para o próximo ano, o Governo aumentou a verba destinada à Educação em 6,8%, prevendo-se uma despesa total consolidada de 7,47 mil milhões de euros..Fernando Alexandre lembrou hoje que o OE2025 tem como objetivo garantir a igualdade de oportunidades para todos os alunos, apostando por isso na redução de alunos sem aulas, na valorização da carreira docente, na melhoria das aprendizagens, mas também investindo na modernização das escolas..Além das obras dos edifícios degradados, a tutela tem como prioridade dotar as escolas com equipamentos tecnológicos, criando recursos digitais e reequipando as escolas com profissionais para modernizar as ofertas, explicou Fernando Alexandre..O impacto orçamental da medida para investir na modernização das escolas será de 488,8 milhões de euros: 214 milhões para a melhoria da conectividade e capitação da gestão escolar; 188 milhões para os centros tecnológicos e especializados e 78,8 milhões para recursos educativos digitais e 7,2 milhões para as provas e exames nacionais..Fernando Alexandre recordou que já está a decorrer um debate sobre a revisão das avaliações externas, que vão voltar a realizar-se no final dos ciclos (4.º, 6.º e 9.º ano), deixando assim de ser provas de aferição que se realizam a meio dos ciclos..Sobre os equipamentos nas escolas, Fernando Alexandre revelou ainda que já foi pedido às escolas o levantamento das necessidades de equipamentos informáticos: "Pedimos que nos informassem, até 31 de outubro, de todas as necessidades de equipamentos informáticos", revelou..Governo gasta 105 milhões para reduzir casos de alunos sem aulas.O Governo vai gastar 105 milhões de euros no próximo ano para reduzir o número de alunos sem aulas, anunciou hoje o ministro da Educação, garantindo que já se notam diferenças em relação ao ano letivo passado..A atual equipa do ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) apresentou o plano "Mais Aulas, Mais Sucesso" para reduzir o número de alunos sem aulas e o próximo Orçamento do Estado prevê uma verba de 105 milhões para as 15 medidas do plano e outras duas que foram adicionadas para atrair professores para as escolas onde há mais dificuldades em contratar..Entre as medidas está o lançamento de um concurso extraordinário de docentes, que custará 70 milhões de euros no próximo ano, uma outra medida para reter e atrair docentes que custará 14,6 milhões ou os 10 milhões necessários para pagar aos docentes deslocados que aceitaram ficar numa das escolas identificadas como tendo mais problemas em contratar, explicou hoje o ministro Fernando Alexandre..O apoio à deslocação voltou a ser uma das medidas mais contestadas pelas bancadas, que apontaram a injustiça para um docente deslocado que fique colocado numa escola mesmo ao lado de uma que dava direito ao subsídio de deslocação..Questionado pela deputada da Iniciativa Liberal Patrícia Gil Vaz sobre os resultados do programa "Mais aulas, Mais Sucesso", Fernando Alexandre garantiu que os "resultados são bastante melhores do que no ano passado por esta altura".."Temos indicações de que as medidas que temos no terreno estão a funcionar e a responder na medida em que esperávamos"..O objetivo do plano é reduzir para zero os quase mil alunos que no passado ano letivo tiveram sem aulas durante todo o ano a pelo menos uma disciplina..No total, o OE2025 terá uma despesa total consolidada de 7,47 mil milhões de euros, ou seja, mais 6,8% do que no ano passado, segundo a proposta que está hoje a ser debatida no parlamento..O executivo prevê gastar no próximo ano 5,85 mil milhões de euros, mais 3,3% do que o previsto para este ano devido à "valorização das carreiras, da recuperação do tempo de serviço dos professores e da contratação de pessoal docente, promovendo a fixação e atratividade da carreira docente e revertendo o efeito das aposentações", lê-se no relatório que acompanha a proposta de OE..A atual equipa governativa chegou a acordo com os professores no sentido de uma recuperação faseada dos seis anos, seis meses e 23 dias de serviço que ficaram congelados durante o período da Troika..A contabilização do tempo de serviço começou a ser paga em setembro deste ano e deverá estar concluída no final do mandato. .No próximo ano, a recuperação do tempo de serviço irá custar 214 milhões de euros, explicou o ministro, salientando que a contagem do tempo de serviço irá fazer com que, em julho do próximo ano, 66% dos docentes cheguem ao topo da carreira, ou seja, fiquem colocados entre o 7.º e o 10.º escalões: "Iremos ter mais 25 mil professores nas escalões de topo, se isto não é valorizar a carreira é o quê?", questionou durante o debate que está a decorrer na Assembleia da República.