Portugal a "trabalhar só com a energia produzida no país". "Siresp não funcionou a 100%, teve falhas"
O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse, esta terça-feira, que ainda não se sabe a origem do apagão, que ontem afetou Portugal e Espanha, países que estão ainda a recuperar, de forma gradual, os serviços. Corte generalizado no abastecimento elétrico atingiu os transportes, com voos cancelados, metro encerrado e constrangimentos nas áreas da saúde e telecomunicações "Em 5 segundos, soubemos pelo comunicado do Governo espanhol, 15 gigawatts desapareceram da rede espanhola", explicou o governante português.
Pinto Luz esclareceu, no entanto, que apesar da interligação com a rede espanhola, o país está, agora, a consumir energia produzida em território nacional.
"Hoje, Portugal está autónomo. Estamos a trabalhar só com a energia produzida no nosso país", disse o ministro das Infraestruturas em declarações à SIC Notícias, garantindo que o Governo continua a monitorizar a situação, um dia depois do apagão, estando agendada para esta terça-feira nova reunião do Conselho de Ministros.
"Os geradores dos nossos hospitais funcionaram, o sistema funcionou, os nosso hospitais continuaram a operar", disse ainda Pinto Luz, admitindo limitações nas telecomunicações devido ao apagão, o que causa enorme fragilidade e impotência, segundo afirmou.
Serviço do Metro de Lisboa restabelecido, sistema de saúde "funcionou" e CP a funcionar, "as escolas estão a entrar na normalidade, País em normalidade", continuou o governante. Garantias para o futuro? "Só as temos depois de aprender e tirar as lições" sobre o que aconteceu, assumiu.
"Os portugueses não estiveram sozinhos", garantiu o ministro, referindo que o Governo tem estado em contacto permanente com Espanha e com operadores nacionais.
"Se calhar temos de voltar a sistemas de comunicação não tão dependentes das tecnologias"
O ministro das Infraestruturas reagiu também às críticas da oposição sobre a comunicação do Governo durante apagão, admitindo: "Nós teremos que melhorar e temos que pensar no futuro como é que com estas situações podemos comunicar com a população. Se calhar temos de voltar a sistemas de comunicação não tão dependentes das tecnologias".
Pinto Luz disse ao canal de notícias que às 23h22 de segunda-feira, Portugal tinha a rede elétrica nacional em alta toda disponível. "Por volta das 02h00 tínhamos praticamente 100% de clientes com energia". Às 06h00, 99,9% dos clientes com rede, disse ainda o ministro que agradeceu a todos os profissionais que ajudaram a repor, de forma gradual, os serviços.
"Nós tivemos que utilizar os meios da comunicação social, as redes sociais para tentar, de todas as formas, chegar à população. Não estivemos preocupados em propagandear. Estivemos fechados em gabinete de crise a comunicar com aqueles que precisavam", afirmou o responsável pela pasta das Infraestruturas.
O ministro explicou que às 11h33 de ontem ocorreu o apagão, que, "hoje, sabemos não foi provocado no território nacional".
Ao meio-dia, prosseguiu Pinto Luz, o ministro da Presidência fez uma comunicação, tendo falado com as rádios, "sabíamos que as redes de telecomunicação estavam em baixo", disse, salientado o papel da rádio.
Disse que às 15h00 o primeiro-ministro falou também aos portugueses, com uma mensagem de tranquilidade e que se estava a fazer tudo para restabelecer o sistema. Luís Montenegro, falaria depois, novamente, à noite.
"REN falou por duas vezes aos portugueses e a Proteção Civil foi falando aos portugueses", afirmou Pinto Luz, dizendo que a proteção civil mandou sms à população.
"Mais uma vez, andamos há décadas a falar do SIRESP, que teve falhas"
No que se refere ao Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), a rede de comunicações exclusiva do Estado português em situações de emergência e segurança, admitiu falhas, como já aconteceu no passado.
"O SIRESP não funcionou a 100%, teve falhas. Mais uma vez, andamos há décadas a falar do SIRESP, que teve falhas", afirmou ministro das Infraestruturas, realçando que País tem de aprender nestas situações de emergência como a do apagão.
Um corte no abastecimento elétrico que surpreendeu tudo e todos e que não estará relacionado com um ataque informático.
A empresa espanhola Red Elétrica descartou esta terça-feira, que o apagão da véspera tenha sido provocado por um ciberataque.
"Podemos concluir que não houve intrusão na rede elétrica", disse Eduardo Prieto em conferência de imprensa.
O jornal ABC já avançara que a investigação espanhola ao apagão não encontrara, pelo menos até ao momento, qualquer evidência de que a rede eléctrica de Espanha tenha sido afetada por um ciberataque
De acordo com as fontes “latamente fidedignas” deste jornal não há qualquer evidência de que tenha acontecido um ataque, o que não significa que não tenha ocorrido. Estados Unidos, Rússia, China e Israel seriam, segundo o ABC, os únicos países a conseguir esse feito.
Segundo Pedro Sánchez revelou na segunda-feira, houve "uma forte oscilação, em termos técnicos, no sistema elétrico europeu, que desencadeou a interrupção do abastecimento em toda a Península Ibérica e algumas zonas do sul de França".
"Às 12h33, e durante cinco segundos, 15 gigawatts de energia que estava a ser produzida desapareceram repentinamente do sistema. É algo que nunca aconteceu antes", disse o primeiro-ministro espanhol. "Quinze gigawatts equivalem a aproximadamente 60% do consumo do país nesse momento", detalhou, prometendo uma investigação para determinar o que o provocou.
Com Sofia Fonseca