PJ no terreno em operação para capturar suspeitos de ataque a autocarro que feriu motorista
A Polícia Judiciária deu esta quarta-feira cumprimento a vários mandados de busca numa grande operação para capturar todos os responsáveis pelo incêndio de um autocarro em Santo António dos Cavaleiros, concelho de Loures, que deixou o motorista gravemente ferido.
Segundo apurou o DN junto de fonte da PJ, foram cumpridos vários mandados de busca no âmbito da investigação em curso e os inspetores encontram-se a recolher provas, mas ainda não há detenções.
"Os vários suspeitos vão ser ouvidos", precisou fonte da PJ à Lusa, adiantando estar em causa o crime de homicídio na forma tentada. Esta mesma fonte avançou que a operação já terminou no terreno.
Tiago Cascais, que esteve internado durante cerca de um mês no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, conduzia um autocarro da Carris quando foi alvo de um ataque com coktails molotov. O motorista foi ouvido na segunda-feira, segundo a SIC Notícias.
O autocarro da Carris Metropolitana já estava sem passageiros quando se deu o incidente, mas o motorista, que ainda estava no interior, sofreu "queimaduras graves na face, tórax e membros superiores", adiantou na altura a PSP.
De acordo com fonte da Rodoviária de Lisboa, operador para o qual trabalha o motorista, este teve "alta hospitalar a semana passada, encontrando-se em recuperação em casa".
O "seguro de trabalho foi acionado, em conformidade", acrescentou.
A fonte da Rodoviária de Lisboa referiu ainda que não há qualquer informação sobre a data de regresso ao trabalho do motorista, salientando que o importante, neste momento, é a sua "plena recuperação".
Esse incidente aconteceu durante a onda de tumultos na Grande Lisboa a seguir à morte de Odair Moniz às mãos da PSP, há cerca de um mês.
Os suspeitos do ataque respondem, em coautoria, por crimes como homicídio na forma tentada, adianta a CNN Portugal.
A operação da PJ está a ser coordenada pela secção de homicídios e conta com cerca de 50 inspetores de toda a diretoria de Lisboa. Todos os suspeitos são jovens moradores no Bairro da Cidade Nova, em Santo António dos Cavaleiros, sendo que alguns deles têm antecedentes relacionados com criminalidade juvenil.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, distrito de Lisboa, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
De acordo com a versão oficial da PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
Nessa semana registaram-se tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos suspeitos identificados.