Operação “Pactum”. PJ faz 75 buscas por suspeitas de corrupção, incluindo no Banco de Portugal
Jorge Firmino / Global Imagens

Operação “Pactum”. PJ faz 75 buscas por suspeitas de corrupção, incluindo no Banco de Portugal

Há suspeita de fraude de 17 milhões de euros. Em causa possíveis crimes de corrupção na aquisição de bens e serviços para organismos do Estado na área informática e tecnológica.
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A Polícia Judiciária está a levar a cabo na manhã desta quinta-feira uma mega operação com 75 buscas nas áreas da grande Lisboa, Porto e Braga que seguem suspeitas de vários crimes como corrupção na aquisição de bens e serviços para organismos do Estado na área informática e tecnológica. A informação foi avançada pela CNN Portugal e entretanto confirmada pela PJ e pelo Ministério Público.

As buscas, integradas na denominada de Operação “Pactum”, estão a decorrer em domicílios, escritórios de contabilidade, sedes de sociedades, Institutos Públicos e outros serviços do Estado.

Alguns dos alvos das buscas são as instalações do Banco de Portugal, da EPAL, da Casa da Moeda, da secretaria-geral do Ministério da Justiça ou do Instituto dos Registos e Notariado.

"Estão em causa condutas relacionadas com aquisições de serviços na área da Tecnologia de Informação, por várias entidades públicas e por uma entidade privada, entre os anos de 2017 e 2025. No centro da investigação encontra-se um conjunto de indivíduos que, em conjugação de esforços e de forma premeditada, viciaram dezenas de procedimentos de contratação pública e privada, num valor total global não inferior a 17 000 000,00 € (dezassete milhões de euros)", indica um comunicado enviado pela PJ às redações.

O DN sabe que a investigação identificou um conjunto de funcionários em várias entidades publicas e privadas que serviriam de 'Toupeiras' da empresa de tecnologias de informação, fornecendo elementos sobre necessidades e concursos que a favoreciam.

A principal empresa sob suspeita, a empresa "mae' atuava com ligações a várias outras companhias que colocavam as "toupeiras" nas instituições.

De acordo com o comunicado da PJ, as buscas destinam-se à recolha de informação relacionada com funcionários desses serviços e não visam decisores políticos.

Os factos investigados são suscetíveis de integrar os crimes de participação económica em negócio, acesso ilegítimo com violação de confidencialidade, de abuso de poder, corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, falsidade informática, fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, tráfico de influência, associação criminosa e ainda do crime de branqueamento, segundo este mesmo comunicado.

Segundo fonte oficial do gabinete do Ministério da Justiça, a ministra Rita Alarcão Júdice, surpreendida com as notícias desta manhã sobre buscas a organismos do Ministério, pediu às eventuais entidades visadas um reporte factual sobre as operações inspetivas, determinando que seja prestado todo o apoio necessário aos inspetores.

Em comunicado, o Banco de Portugal confirma que está em curso uma operação da Polícia Judiciária nas suas instalações, a qual "conta com a sua total colaboração".

Nas buscas estão presentes dois juízes de instrução, três magistrados do Ministério Público e cerca de 250 inspetores da Polícia Judiciária e 50 especialistas de polícia científica.

"A investigação prossegue sob direção do DCIAP, com a coadjuvação da Polícia Judiciária, estando o inquérito sujeito a segredo de justiça", explica a nota.

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