Enunciado e propostas de correção dos itens do exame estão a circular na internet, inviabilizando a utilização das mesmas questões no futuro, como era pretendido pelo Governo. Denúncia foi feita pela Missão Escola Pública (MEP) e confirmada pelo ministro Fernando Alexandre. MEP teme que alunos possam ter tido acesso às perguntas antes do exame.Em declarações ao DN, em maio, a Missão Escola Pública (MEP) - um movimento apartidário de professores – alertou para a possibilidade de haver fuga de informação sobre os conteúdos da prova de 9º ano de Matemática, que decorreu na passada sexta-feira. Os receios acabaram por se concretizar, tendo havido violação do sigilo, com os itens da prova e correções a serem partilhados nas redes sociais. Os professores do movimento afirmam não haver qualquer garantia de que a informação não começou a circular ainda durante a realização da prova. Isto porque a prova em causa funciona em dois turnos, abrindo a possibilidade aos alunos do 2º turno terem conhecimento prévio das perguntas do exame. Apesar das escolas garantirem não haver cruzamento entre os dois grupos de estudantes, os alunos do 1º turno, lembra a MEP, podem partilhar os conteúdos nas redes sociais e podem comunicar com estudantes de outras escolas.Em declarações ao CM, Fernando Alexandre, ministro do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, confirmou que itens da prova foram “partilhados no domínio público, após a sua realização”. “A situação agora verificada é lamentável, mas não tem qualquer impacto na realização e na validade da prova deste ano, nem nos resultados dos alunos nestas provas. Apenas impacta a elaboração da prova do próximo ano letivo”, afirmou o titular da pasta da Educação.A MEP reagiu às declarações de Fernando Alexandre acusando o governante de desvalorizar a gravidade da fuga de informação na Prova de Matemática. “O documento em causa, amplamente partilhado online, inclui todas as perguntas da prova, acompanhadas por propostas de resposta, gráficos e explicações técnicas, e está a ser identificado por diversos professores como fiel ao conteúdo da prova realizada na passada sexta-feira. A confirmação do MECI veio, assim, validar o alerta lançado pela MEP ainda durante a própria manhã da prova, em que se apontava o risco real de fuga de informação e de violação do sigilo”, pode ler-se num comunicado enviado às redações. No mesmo documento a MEP acusa ainda o MECI de tentar “reduzir a gravidade do episódio ao facto de já não poder utilizar os mesmos itens no futuro, afirmando que a situação não tem qualquer impacto na realização e na validade da prova deste ano”. “Esta tentativa de desvalorização é, para o MEP, inaceitável”, sublinha o movimento. Para a MEP, “o problema não está apenas na impossibilidade de reutilização dos itens. O que está em causa é a integridade de todo o processo de avaliação”. “O sigilo da prova foi quebrado, facto agora confirmado pelo próprio Ministério; não há qualquer garantia de que a informação não começou a circular ainda durante a realização da prova; a forma como os conteúdos foram reproduzidos — com enunciados exatos, linguagem técnica e gráficos — indica fortemente que terão sido feitas capturas de ecrã dentro da própria plataforma digital”, justifica.Os professores lamentam ainda não ter sido esclarecido, por parte do MECI, a forma como foi recolhida essa informação. “Não divulgou se houve auditoria à plataforma, não explicou que medidas de segurança estavam implementadas nos equipamentos, muitos dos quais pessoais e não supervisionados diretamente pelas escolas”, conclui o comunicado..Sociedade de Matemática preocupada por prova do 9º ano não ser pública e digital.Governo diz que "nenhum aluno será prejudicado" pelos problemas técnicos em prova do 9.º ano