O diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Rui Cardoso, garantiu na quarta-feira (17 de dezembro) que o processo da Operação Influencer não tem estado parado, mas adiantou que a investigação aguarda acesso a elementos de prova.Rui Cardoso falava no Programa Grande Entrevista da RTP, de Vítor Gonçalves, depois de questionado sobre o processo que envolve o ex-primeiro-ministro e atual presidente do Conselho Europeu, António Costa.O procurador-geral adjunto líder do DCIAP lembrou que a "eventual responsabilidade" de António Costa foi separada do Influencer, o processo maior, mas referiu que "há elementos de prova do processo-mãe que ainda não estão completamente analisados"."Alguns (são) essenciais para compreender tudo e sem isso não é possível formar a convicção de termos todos os elementos de prova para tomar uma decisão nesse processo separado", frisou.Rui Cardoso detalhou que houve correspondência e elementos apreendidos em escritórios de advogados que a investigação ainda não teve acesso: "Houve uma reclamação dos advogados envolvidos que impediu o juiz, no local e após, pudesse ter acesso aos elementos apreendidos, documentais e eletrónicos".Citando "algumas peripécias legais", Rui Cardoso destacou que esta situação foi decidida há pouco tempo em sede de recurso, e que o presidente do Tribunal da Relação de Lisboa indeferiu a reclamação."Estamos ainda à espera (…) que chegue ao juiz de instrução do processo para que possa dar inicio ao procedimento de abertura da correspondência eletrónica, que é essencial para determinado setor da investigação", acrescentou.O diretor do DCIAP garantiu, no entanto, que a investigação não tem estado parada e que há "pessoas permanentemente a trabalhar, elementos policiais e procuradores."Não é o desejável, mas algum tipo de investigação face à complexidade exige tempo", frisou, sobre a demora do processo.Questionado sobre a situação de António Costa, Rui Cardoso lembrou que não sendo arguido, o ex-primeiro-ministro já prestou declarações no processo e que, para um possível arquivamento, a lei é aplicada de igual modo para todas as pessoas."Ou há prova segura de que não houve crime e pode ser arquivado, ou que o procedimento é legalmente inadmissível ou que foram esgotadas todas diligências que existem sobre a situação em dúvida para acusar aquela pessoa", frisou."Isso não aconteceu, as diligências não estão esgotadas", acrescentou. .Revelação das escutas da Operação Influencer: MP esclarece que só arguidos acederam aos autos. Ainda sobre o tempo da justiça, Rui Cardoso apontou que em outros países, como Espanha ou França, também acontece."Não é o ideal, sabemos isso, mas o que nós fazemos é aquilo que a lei obriga que se faça", sublinhou.Em 7 de novembro de 2023, foram detidas e posteriormente libertadas no âmbito da Operação Influencer cinco pessoas, incluindo o então chefe de gabinete de António Costa.Em causa estão suspeitas de crime na construção de um centro de dados em Sines, distrito de Setúbal, na exploração de lítio em Montalegre e Boticas, ambas no distrito de Vila Real, e na produção de energia a partir de hidrogénio também em Sines.O caso levou à queda do Governo de António Costa (PS), tendo o agora presidente do Conselho Europeu sido considerado suspeito, sem ser constituído arguido..Operação Influencer: Relação não aceitou reclamações para impedir acesso a emails.Operação Influencer. DCIAP omitiu do tribunal escutas com Costa e arrisca nulidade destas provas