OMS esclarece: Não há evidências científicas que sustentem ligação entre paracetamol e autismo
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OMS esclarece: Não há evidências científicas que sustentem ligação entre paracetamol e autismo

Esclarecimeto surge deppis de Donald Trump ter defendido que o aumento do autismo no país pode dever-se ao uso do analgésico paracetamol em grávidas e à vacinação, sem apresentar provas científicas.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) garantiu esta quarta-feira, 24 de setembro, que não existem atualmente evidências científicas que sustentem uma possível ligação entre o autismo e o uso de paracetamol durante a gravidez.

Em comunicado, a OMS afirma que quase 62 milhões de pessoas em todo o mundo têm perturbação do espetro do autismo e que, embora a sensibilização e o diagnóstico tenham melhorado nos últimos anos, as causas exatas não foram estabelecidas e entende-se que existem múltiplos fatores que podem estar envolvidos.

A posição da OMS surge depois de, na segunda-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter sugerido que o aumento do autismo no país pode ter como causa o uso do analgésico paracetamol em grávidas e a vacinação, sem apresentar provas científicas.

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A organização diz que foram realizadas extensas pesquisas na última década, incluindo estudos de grande escala, investigando as ligações entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo, mas, até à data, “nenhuma associação consistente foi estabelecida”.

Recomenda que todas as mulheres continuem a seguir as orientações dos seus médicos ou profissionais de saúde, que podem ajudar a avaliar as circunstâncias individuais e recomendar os medicamentos necessários em cada caso.

A OMS lembra ainda que qualquer medicamento deve ser utilizado com precaução durante a gravidez, especialmente nos primeiros três meses, e de acordo com as orientações dos profissionais de saúde.

Sobre as vacinas, garantiu que “existe uma base de evidências robusta e extensa” que mostra que as vacinas infantis não causam autismo.

“Estudos amplos e de elevada qualidade, realizados em vários países, chegaram à mesma conclusão. Os estudos originais que sugeriam uma ligação eram inválidos e foram desacreditados”, acrescenta.

Insiste que, desde 1999, os especialistas independentes que aconselham a OMS têm confirmado repetidamente que as vacinas — incluindo as que têm alumínio ou tiomersal (um composto antimicrobiano, geralmente utilizado nas etapas iniciais, ou como conservante, no fabrico de vacinas) — não causam autismo nem outras perturbações do desenvolvimento.

Garante que os calendários de vacinação infantil são desenvolvidos “através de um processo cuidadoso, abrangente e baseado em evidências”, envolvendo especialistas globais e a contribuição dos países.

Recorda que o esquema de vacinação infantil foi adotado por todos os países e “salvou pelo menos 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos”, considerando que continua a ser essencial para a saúde e bem-estar de todas as crianças e comunidades.

“Estes calendários evoluíram continuamente com a ciência e agora protegem crianças, adolescentes e adultos contra 30 doenças infecciosas”, acrescenta.

Insiste que todas as recomendações de vacinas do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE) - um grupo consultivo independente da OMS – se baseiam numa revisão rigorosa de provas e cuidadosamente elaboradas para oferecer a melhor proteção contra doenças graves.

A OMS avisa que, quando os calendários de vacinação são atrasados, interrompidos ou alterados sem revisão de evidência, há um aumento acentuado do risco de infeção não só para a criança, mas também para a comunidade em geral.

“Os bebés demasiado jovens para serem vacinados e as pessoas com um sistema imunitário enfraquecido ou condições de saúde subjacentes correm maior risco”, sublinha.

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