Donald Trump anunciou esta segunda-feira, 22 de setembro, que os Estados Unidos vão recomendar que as mulheres reduzam significativamente o consumo de paracetamol durante a gravidez, temendo que o fármaco possa estar estar relacionado com o autismo."Tomar Tylenol [uma das marcas que comercializa o fármaco nos EUA] não é bom. Por esta razão, vamos recomendar que as mulheres reduzam significativamente o consumo de paracetamol durante a gravidez, a menos que medicamente aconselhado em casos de febre extrema", afirmou o presidente norte-americano, numa conferência de imprensa realizada na Casa Branca.Até agora, as principais sociedades médicas identificam o paracetamol como um analgésico e antipirético, essencialmente para aliviar dor e febre, e que é considerado seguro para uso durante a gravidez, embora aconselhem as grávidas a consultar profissionais de saúde antes de tomá-lo. Contudo, as autoridades sanitárias norte-americanas decidiram agora valorizar uma revisão de investigações liderada pelo reitor da Escola de Saúde Pública Chan da Universidade de Harvard, que em agosto concluiu que as crianças poderão ter mais propensão a desenvolver autismo e outros distúrbios do desenvolvimento neurológico após terem estado expostas ao Tylenol durante a gravidez.Os investigadores acreditam que devem ser tomadas algumas medidas para limitar o uso do medicamento, devido a eventuais efeitos negativos para as crianças, embora considerem que o fármaco ainda é importante para tratar a febre e a dor maternas.A conclusão, porém, não é consensual no meio médico, tendo sido apontadas incongruências e insuficiências à investigação.Um estudo anterior, publicado no ano passado, não encontrou qualquer relação entre a exposição ao Tylenol e o autismo. "Não há evidências robustas ou estudos convincentes que sugiram qualquer relação causal", defende Monique Botha, professora de psicologia social e do desenvolvimento na Universidade de Durham.O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia diz que médicos de todo o país têm consistentemente identificado o Tylenol como um dos poucos analgésicos seguros para grávidas, enquanto a fabricante do medicamento, a Kenvue, argumenta que "estudos científicos independentes e confiáveis mostram claramente que tomar paracetamol não causa autismo"