O Largo do Senado é uma das zonas com a maior concentração de Arquitetura Portuguesa em Macau, sendo atualmente uma zona comercial movimentada e frequentada por muitos turistas.
O Largo do Senado é uma das zonas com a maior concentração de Arquitetura Portuguesa em Macau, sendo atualmente uma zona comercial movimentada e frequentada por muitos turistas.D.R. / Macao Daily News

O Centro Histórico de Macau

O Centro Histórico de Macau é uma fusão das culturas oriental e ocidental de há mais de 400 anos. Esta zona, caracterizada pela coexistência das arquiteturas portuguesa e tradicional chinesa, foi classificada como Património Mundial pela UNESCO em 2005.
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Desde meados do século XVI, Macau tornou-se local de estabelecimento dos portugueses. Com o florescimento do comércio internacional, estabeleceram-se em Macau gentes da Europa e do Sudeste Asiático com assuas crenças religiosas, aptidões profissionais e costumes, incluindo os Missionários Católicos.

Para além de disseminarem a doutrina católica, os jesuítas introduziram avanços das ciências e das artes ocidentais, estabelecendo muitos “recordes” na China, como o primeiro teatro ao estilo ocidental, o primeiro ensino universitário, e o primeiro hospital, a primeira igreja e a primeira fortaleza, entre outros. Muitos desses edifícios foram preservados e continuam a servir as suas funções originais, e, juntamente com as construções chinesas, formam o Centro Histórico de Macau (que inclui, principalmente, o Templo de A-Má, a Igreja de São Lourenço, o Teatro Dom Pedro V, entre outros 22 edifícios e oito praças, como o Largo do Senado), que foi classificado como Património Mundial pela UNESCO em 2005.

As ruas e praças do Centro Histórico de Macau conectam os edifícios históricos importantes do porto ao centro da cidade, formando uma área com características típicas de uma cidade ocidental, mas também com arquitetura tradicional chinesa. Este cenário reflete a coexistência harmoniosa de diferentes grupos étnicos e a fusão das estéticas, culturas, crenças religiosas e arquitetónicas do Oriente e do Ocidente.

Assim como os pescadores das regiões de Fujian e Guangdong na China, os pescadores de Macau veneravam, desde tempos antigos, a Deusa do Mar, Mazu( os pescadores costumavam chamar-lhe A-Má).

Segundo a lenda, a Deusa A-Má auxiliava os marinheiros que enfrentavam condições meteorológicas extremas no mar, protegendo-os para que regressassem em segurança a casa. Por esta razão, os antepassados dos habitantes de Macau construíram um templo em homenagem da deusa que é o Templo de A-Má, perto do Porto de A-Má.

Conta-se que o nome de “Macau” deriva do nome de A-Má. No século XVI, foi perto do Porto de A-Má que os portugueses chegaram pela primeira vez a Macau. Os portugueses perguntaram a residentes locais o nome do lugar. Pensando que os portugueses queriam saber o nome do porto, os residentes responderam-lhes amagang, que é o nome do Porto de A-Má em dialeto cantonês. Os portugueses grafaram-no primeiro como Amaquão, posteriormente como Amacao, e finalmente Macau.

Construído em 1865, o Farol da Guia, uma parte da Fortaleza da Guia, é o farol mais antigo do litoral chinês. Foto: D.R. / Macao Daily News

São Lourenço, o santo patrono dos navegantes no catolicismo, desempenhava um papel semelhante ao da deusa chinesa Á-Ma (Mazu). Os portugueses construíram em Macau a Igreja de São Lourenço a meio do século XVI, onde as famílias dos marinheiros portugueses se reuniam para esperar que estes conseguissem voltar sãos e salvos. Como a igreja tinha originalmente um mastro onde se afixavam sinais meteorológicos, os chineses chamavam-lhe Feng Shun Tong, que significa “Igreja dos Ventos Favoráveis”, com o desejo de bons ventos e bom tempo.

O Farol da Guia, situado no topo do Monte da Guia em Macau, também faz parte do Centro Histórico de Macau. Construído em 1865, é o farol mais antigo da região costeira da China e continua a guiar as embarcações até hoje. Independente das culturas e crenças das pessoas que viviam em Macau, todas partilhavam um desejo simples e comum que é a esperança de os familiares poderem sair para o mar e regressar seguros sob a proteção divina e a orientação do farol.

O Largo do Lilau, visto ser o local onde estava a principal fonte de água de Macau, tornou-se um dos primeiros locais de assentamento dos portugueses na cidade. O nome em português deste lugar revela a sua história com a palavra “Lilau”, que significa “fonte de montanha”, enquanto o seu nome em chinês é “o poço da velha senhora”, que tem a ver com um conto popular.

Durante a Dinastia Ming, para facilitar o acesso dos residentes daquele lugar à água potável, uma idosa construiu um poço para armazenar a água da fonte de montanha, daí o nome. Embora o poço original já não exista, o conto desta bondosa senhora continua a ser transmitido. Hoje em dia, o Largo do Lilau com a arquitetura antiga portuguesa em redor e duas árvores de figo-benjamim no meio é um espaço de lazer confortável tanto para os residentes como para turistas.

A Casa do Mandarim é um complexo residencial do famoso pensador chinês Zheng Guanying, da Dinastia Qing. Foto: D.R. / Macao Daily News

Não muito distante, situa-se a Casa do Mandarim, a antiga residência de Zheng Guanying, um famoso pensador moderno chinês. Fazendo também uma parte integrante do Centro Histórico de Macau, este edifício exemplifica a arquitetura de Lingnan (literalmente significa “ao sul das Cinco Colinas”, que se refere principalmente ao território das províncias de Guangdong e Guangxi). Porém, uma observação mais cuidadosa revelará que os lintéis das portas e janelas exibem um estilo ocidental.

Como diz um antigo ditado popular macaense: “Aquele que bebe da água do Lilau, jamais esquecerá Macau.” Quem passear no Centro Histórico de Macau, terá uma experiência imersiva para conhecer a fusão cultural sino-portuguesa, e quem poderá esquecer esta cidade que exala um encanto tão singular?

INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS

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