A prova de Matemática do 9.º ano, realizada a 20 de junho, pode ser anulada em 15 escolas do país devido a constrangimentos relacionados com o tempo de compensação que foi dado aos alunos. Cabe aos Encarregados de Educação a decisão de anular a prova. Se for essa a opção, a 2.ª fase do exame, marcada para 22 de julho, passará a ser feita como se da 1ª fase se tratasse, explicou o Ministério da Educação Ciência e Inovação (MECI) ao DN. Assim, a 2.ª fase, em caso de não aprovação, será feita em agosto, em data a determinar pelo Júri Nacional de Exames (JNE), segundo um documento ao que o DN teve acesso. As notas foram ontem afixadas, com quase dois dias de atraso face ao prazo anunciado. Deveriam ter sido divulgadas na passada segunda-feira. Um problema a somar-se a "vários outros" neste que foi o primeiro ano em que estas provas foram aplicadas em formato digital. “Consideramos preocupante toda a situação [atraso na divulgação das notas] e colocamos em causa o rigor e fiabilidade dos resultados. Os problemas técnicos no dia das provas, a anulação de um item, a quebra de sigilo e, agora, os problemas na divulgação dos resultados vêm fundamentar as preocupações que a Missão Escola Pública tem vindo a tornar públicas em forma de comunicados e alertas deste o início do ano letivo. Acresce ainda a possibilidade de anulação das provas em 15 escolas”, sublinha ao DN, Cristina Mota, porta-voz da Missão Escola Pública (MEP). .Resultados dos exames do 9.º ano começaram finalmente a chegar às escolas.A responsável lamenta ainda a falta de explicações por parte do MECI e a manutenção do "discurso de que tudo correu bem”. Segundo a responsável, na base do atraso na afixação das pautas poderá estar o sistema de correção das provas, “com menos classificadores do que nos anos anteriores”. “É preciso assumir que não correu tudo bem. O que nos foi reportado foi que um dos problemas é que havia classificadores que ainda não tinham conseguido terminar as correções no prazo. Este ano teve poucos classificadores e muitas questões para corrigir. Na prova de Matemática, cada um tinha mais de 6 mil itens para corrigir e em Português mais de 3 mil, sendo que houve professores que tiveram de corrigir 1200 composições”, explica. Cristina Mota garante que não havia condições para aplicar as provas em formato digital este ano letivo e classifica a sua realização como “um fracasso”. “Todas estas evidências mostram que não estão reunidas as condições e que este regime deve ser cancelado no próximo ano letivo. Relativamente a este ano entendemos que deve ser analisado o que esteve por trás do atraso da divulgação das notas”, conclui.Diretores escolares pedem explicações ao MECIFilinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) lamenta o atraso na divulgação das notas das provas de 9.º ano “quase dois dias depois do prazo previsto” e pede explicações ao Governo. “O MECI deve fazer uma comunicação e explicar o que aconteceu. Os problemas maiores surgiram na prova de Matemática, aplicada em formato híbrido. Se calhar até teria mais lógica que fosse em Português em que foi tudo digital. O país merece uma explicação mais pormenorizada do resultado ter chegado 48 horas depois”, defende.Em relação aos 15 agrupamentos onde a prova pode ser anulada, o presidente da ANDAEP diz entender a solução dada aos alunos afetados, mas lamenta “os constrangimentos para alunos, pais e professores” na realização de uma 2ª fase em agosto. “É um período de férias que já devem estar programadas, mas foi a solução possível”, conta.Apesar dos problemas nesta primeira aplicação de provas de 9.º ano em formato digital, Filinto Lima diz ser prematuro afirmar ter sido um fracasso. “O MECI tem de explicar porque nós não sabemos o que se passou. Não é momento de especular, mas sim de refletir”, conclui.Entretanto, no final da tarde de ontem, o MECI, em comunicado, fez saber que vai apurar responsabilidades junto dos envolvidos nos serviços do Júri Nacional de Exames (JNE) e do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE). “Falhas atingiram um número residual de provas, mas o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) decidiu não divulgar os resultados dos alunos de forma faseada para salvaguardar a igualdade entre alunos no acesso à informação. De acordo com o IAVE, umas das falhas técnicas resultou da deteção tardia da não submissão as folhas digitalizadas das provas de Matemática, o que impediu a sua classificação atempada”, pode ler-se no documento. O MECI diz ainda lamentar “os constrangimentos provocados às escolas, aos alunos e às famílias pelo atraso na afixação dos resultados”.Exames nacionais: notas desceram em 15 disciplinasDos 25 exames realizados, 15 registaram descidas na média em relação ao ano letivo anterior. As maiores descidas foram nos exames de MAC (Matemática Aplicada às Ciências Sociais) e Geometria Descritiva A, com médias negativas, 9,2 e 8,9 respetivamente. Matemática A também desceu, mas obteve média positiva (10,5 valores). Em sentido oposto, Português teve uma das melhores médias dos últimos anos (12,6) e o exame de Biologia e Geologia foi o que registou uma maior subida (12,4 valores de média). Inglês (14,1), Desenho A (13,6) e Espanhol (13,1) foram as disciplinas com as médias mais altas nos exames nacionais.Filinto Lima mostra-se preocupado com os resultados de Matemática e defende uma "intervenção mais forte no 1º ciclo”. “Há alunos que chegam ao 5º ano com graves dificuldades e, por isso, temos de intervir muito no 1º ciclo, com mais crédito horário, para que os alunos não cheguem ao 2º ciclo com lacunas que depois se prolongam ao longo do percurso escolar”, explica.Os alunos podem melhorar ainda as notas na segunda fase, que decorre entre os dias 18 e 24 deste mês.Caixa: 99% dos alunos realizaram as provas de 9º anoSegundo dados revelados pelo MECI, a prova final de Matemática, de 9.º ano, foi realizada por 97.450 alunos, correspondendo a 99% do total de provas previstas. Já a de Português contou com a presença de 97.352, 99% do previsto. As escolas receberam ontem a indicação por parte do IAVE de que os alunos não aprovados estariam automaticamente inscritos na 2ª fase. .Exames do 9.º ano. Ministério anula um item da prova de Matemática e garante continuidade do modelo digital