Mais um encerramento da urgência de Ginecologia-Obstetrícia do Garcia de Orta leva ministra a chamar administrações da Margem Sul.
Mais um encerramento da urgência de Ginecologia-Obstetrícia do Garcia de Orta leva ministra a chamar administrações da Margem Sul. Carlos Santos/Global Imagens

Ministra da Saúde reúne de urgência com administrações dos hospitais de Almada, Barreiro e Setúbal

Fecho das três urgências de Ginecologia-Obstetrícia da Península de Setúbal durante o fim-de-semana leva Ana Paula Martins a convocar conselhos de administração para uma reunião, nesta segunda-feira, às 17:00. “É uma situação insustentável”.
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A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, aproveitou o dia em que se comemora o 46.º aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para elogiar as lideranças que conseguem cumprir, como as da Unidade Local de São José, a propósito do seu trabalho através da Maternidade Alfredo da Costa, e criticar as que não o conseguem fazer. Não se sabe se esta crítica era para as administrações dos três hospitais da Margem da Sul, onde as três urgências de Ginecologia-Obstetrícia, têm vindo a fechar em simultâneo, ficando as utentes sem resposta de proximidade, mas o certo é que a ministra acabou por convocar todas estas administrações para uma reunião de urgência para as 17:00 desta segunda-feira.

Segundo apurou o DN, nesta reunião, onde estará também o Diretor Executivo do SNS, Álvaro Almeida, servirá para discutir a situação, que ela própria considerou na manhã de hoje como “insustentável”, e procurarem-se soluções que consigam acabar com “os encerramentos simultâneos das três urgências”.

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Recorde-se que, no final de julho, a ministra tinha assumido a promessa de que a partir de 1 de setembro haveria uma urgência a funcionar 24 horas. Depois, na última semana de agosto, a administração da Unidade Local de Saúde se Almada/Seixal anunciou mesmo que tinham sido contratados mais sete médicos de forma a assegurarem os períodos de urgência para esta se manter aberta 24 horas por semana, mas a partir de 1 de setembro, e como o DN já noticiou, apenas um médico tinha contrato e foi o que assumiu o lugar de diretor de serviço.

Ao fim de uma semana, fontes hospitalares confirmavam ao DN que continuava a haver buracos nas escalas e que estes eram preenchidos diariamente com prestadores de serviço. Na altura, chegaram mesmo a dizer que “assim ninguém aguenta o ritmo”.

Na passada quinta-feira, a urgência de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta começou a dar sinais de que não conseguia manter este ritmo, tendo de fechar portas ao exterior nas noites de quinta e de sexta-feira, ficando só aberta para emergências levadas pelo CODU.

No sábado, a situação piorou: os médicos tarefeiros escalados não compareceram. E, num comunicado, o ministério diz que o encerramento se deve a motivos que lhe são alheios, já que cerca de 20 médicos prestadores de serviço manifestaram indisponibilidade para trabalhar neste dia. Os médicos não gostaram e reagiram, dizendo que a solução para os encerramentos compete à tutela.

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Hoje, à margem da cerimónia na MAC, Ana Paula Martins explicou que não estava a atribuir responsabilidade aos médicos que mostraram indisponibilidade para assegurar as escalas, no sábado e no domingo, o que levou a mais um encerramento em simultâneo de todas as urgências desta área naquela região. “O Ministério da Saúde não está a atribuir nenhuma responsabilidade aos médicos, eles não têm vínculo com o SNS“, referiu a governante.

Ao início da tarde, convocou as três administrações para que se encontrem soluções, mas no seu discurso deixou também um alerta: “Vamos passar um momento difícil no SNS”.

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