Carlos Sá tinha sido nomeado pela ministra em fevereiro deste ano.
Carlos Sá tinha sido nomeado pela ministra em fevereiro deste ano. Arquivo Global Imagens

Ministra aceita demissão do presidente do Conselho de Administração da ULS Amadora-Sintra

Presidente da ULSASI, Carlos Sá, colocou o lugar à disposição na sequência da falha de informação passada a Ana Paula Martins sobre a morte da grávida, que ocorreu, sexta-feira, dia 31, e que foi transmitida por esta no Parlamento, no mesmo dia. Ministra considerou que foi uma falha grave.
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Carlos Sá, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI), que integra o Hospital Fernando da Fonseca (HFF) colocou o lugar à disposição ainda no domingo à noite, depois de a família da grávida que faleceu na noite de sexta-feira, dia 31, com paragem cardíaca na urgência deste hospital, ter vindo provar que, afinal, esta era acompanhada naquela ULS desde julho, no Centro de Saúde Agualva-Cacém, desde julho, tendo tido uma consulta a 14 de julho, outra a 14 de agosto, a partir da qual foi encaminhada para o HFF, devido a gravidez de risco.

Recorde-se que, e de acordo com informação transmitida pelo HFF, na sexta-feira, a grávida teve uma primeira consulta no hospital a 17 de setembro e uma segunda a 29 de outubro de rotina, já com 38 semanas, quando lhe foi diagnosticada uma hipertensão ligeira, com ida às urgências para exames, para depois ter sido enviada para casa com consulta marcada para uma semana depois, já com 39 semanas para preparar o parto. Mas no dia 30, a mulher de 36 anos, sentiu-se mal foi pedido socorro ao INEM, que teve de acionar manobras de suporte de vida, devido a uma paragem cardiorespiratória. Quando a grávida entrou na urgência, ainda foi feita uma cesariana de urgência, para extração do bebé, uma menina, que ficou internada na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, mas que veio a falecer na manhã de sábado, dia 1 de novembro.

No domingo à noite, após a família ter avançado à SIC Notícias e à CMTV, nova informação e documentação de que a grávida estava a ser acompanhada na ULS desde julho, o hospital lançou um comunicado em que retificava a informação dada, confirmando o acompanhamento da doente nos Cuidados de Saúde Primários da ULS, justificando-se com o sistema de informático que não permite a partilha de informação entre unidades. Acrescentando ainda que esta informação já tinha sido dada também à tutela.

Esta manhã, questionada pelos jornalistas por ter aceitado o pedido de demissão do presidente do CA, Ana Paula Martins assumiu que considerou tratar-se de "uma falha de informação grave".

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Em comunicado, o presidente do CA da ULSASI, onde lamenta a morte desta grávida, explica que “os elementos factuais transmitidos a Sua Excelência a Senhora Ministra da Saúde posteriormente reproduzidos na audição parlamentar, corresponderam integralmente às informações de que o Presidente do Conselho de Administração dispunha no momento da sua comunicação” e que as informações adicionais só depois “vieram a ser conhecidas, não tendo, por conseguinte, sido do conhecimento do presidente do CA à data da comunicação inicial, nem podendo, portanto, ter sido transmitidas à tutela”.

Perante esta situação, Carlos Sá reafirma ainda que, em “seu entendimento”, “a responsabilidade política e pública é pessoal, indelegável e insuscetível de diluição”, tendo assim colocado a sua continuidade no cargo à disposição da ministra, a qual decidiu que as suas funções terminavam aqui.

Em menos de um mês, é a segunda baixa no Conselho de Administração da ULSASIN, no dia 8 de outubro foi a vez da diretora clínica para a área hospitalar, Diana Sousa Mendes, ter pedido a demissão alegando motivos pessoais. Agora segue-se Carlos Sá, administrador que vinha do Hospital da Cruz Vermelha, e que foi nomeado para este cargo pela ministra Ana Paula Martins em fevereiro deste ano. Perante a saída do presidente e da diretor clínica, não havendo ainda substituição, o DN apurou que todos os elementos do CA deverão colocar os seus lugares à disposição.

No domingo, a família da grávida criticou ainda o facto de este caso ter sido associado pela ministra a outros em que as mulheres vêm para Portugal só para o momento do parto, demonstrando que, afinal, não era esse o caso.

Na sexta-feira, no Parlamento, Ana Paula Martins explicou, depois de ter sido questionada pelo deputado do Livre, Paulo Muacho, porque associou esta caso a outros, criticando o facto de ter referido também a nacionalidade desta mulher, que, de facto, "esta senhora é oriunda da Guiné-Bissau e chegou há muito pouco tempo a Portugal com uma gravidez de 38 semanas e foi quando, pela primeira vez, a vimos", acrescentando então que , "parte dos partos nas ambulâncias são iguais. Temos esses dados e a forma que temos de resolver isto é sabendo que temos pessoas com estas características e, por isso, temos uma proposta para que enfermeiros especialistas, porque não temos médicos suficientes, possam trabalhar com estas mulheres que chegam sem terem apoio e andam perdidas no sistema".

A governante assumiu ainda que "esta é uma questão humana. Fale com os enfermeiros e os médicos para saber qual a razão porque, muitas vezes, já não querem fazer urgências. É porque não querem viver o risco de lhes entrarem pela porta pessoas que nunca viram. Queiram ou não queiram isto é um problema", referindo que "a maneira de resolvermos é acolhermos estas pessoas, é seguirmos estas pessoas em cuidados de saúde primários, é fazermos, como se fez há 50 anos, o prof. Albino Aroso, quando se batia de porta em porta nas aldeias para saberem onde estavam as mulheres grávidas e que morriam no parto. É isso que temos de evitar. Eu nasci na Guiné-Bissau e tenho muito orgulho no meu país e tenho muita pena de não ser um povo com mais recursos".

Ana Paula Martins anunciou mesmo que há "um protocolo a ser preparado para dar acompanhamento a estas grávidas", mas sobre este nada mais se sabe.

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