Médicos tarefeiros são já cerca de quatro mil, segundo aos oficiais.
Médicos tarefeiros são já cerca de quatro mil, segundo aos oficiais. Rui Oliveira / Global Imagens

Médicos tarefeiros constituem-se em associação para negociar com Ministério do Saúde

Grupo de mais de mil médicos prestadores de serviço, constituído através de um grupo no WhatsApp, está a criar uma associação que os represente, porque querem ser eles a negociar o que diz respeito à sua atividade. O pedido formal de reunião com a ministra da Saúde já seguiu, dizem. Gabinete da ministra diz que até ao início da tarde desta sexta-feira nada tinha recebido.
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Depois do comunicado lançado na tarde de quinta-feira, dia 6, a esclarecer que uma eventual paragem das urgências em todo o país não esteve em cima da mesa, o grupo de médicos tarefeiros, criado através do WhatsApp, está agora a trabalhar com advogados para se constituir como associação, provavelmente como Associação de Médicos Prestadores de Serviço, segundo afirmaram ao DN alguns dos elementos envolvidos.

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Uma mudança no estatuto de movimento porque, assumem, querem ser eles a encetar as negociações que afetem a sua atividade – recordando que, neste momento, são mais de quatro mil a funcionar no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Estes elementos, que numa primeira reunião descreviam em ata que se sentiam “ostracizados” e “excluídos das decisões” pela tutela, estendem agora este sentimento em relação às estruturas sindicais que representam a classe médica e em relação à própria Ordem: “Já somos muitos, nunca sentimos nenhum apoio de qualquer estrutura e estamos de acordo que não queremos intermediários nas negociações”.

Os mesmos médicos confirmaram que esta manhã “seguiu o pedido oficial para uma reunião com a Sr.ª ministra”, já que o gabinete de Ana Paula Martins na tarde de quinta-feira afirmava não ter recebido ainda qualquer pedido oficial para este encontro.

No entanto, destacaram também que este não é o primeiro pedido de reunião à titular da pasta. “Na semana passada seguiu um pedido informal para reunir com a Sr.ª ministra, queríamos saber desde logo o que tinha o novo diploma e explicar-lhe as nossas razões, mas não obtivemos resposta”, queixaram-se.

O DN questionou o gabinete de Ana Paula Martins sobre se o pedido oficial para reunir com os médicos tarefeiros chegou, se vai ser dada resposta e, se sim, para quando será marcada reunião”, mas a única resposta que obteve é que “nenhum pedido deu entrada até ao início da tarde desta sexta-feira”. Em relação ao pedido informal de reunião foi-nos dito que "não é verdade, ninguém recebeu um pedido destes”.

Do lado dos médicos, o sentimento que ficou foi o de estarem “a ser ignorados”, considerando que, nesta altura, “foi criado um problema que pode ser uma verdadeira caixa de pandora no SNS”, argumentam, referindo-se ao facto de, neste momento, haver já algumas Unidades Locais de Saúde (ULS) no país que estão a fazer propostas de contrato de trabalho a médicos tarefeiros, só que tal, dizem, “traz outras questões”, nomeadamente em termos de carreiras médicas.

E explicam: “Os contratos que nos fazem integram-nos no SNS e na carreira médica? Pagam-nos como especialistas, como somos alguns, ou não? Será que a senhora ministra pensou nestas questões quando tentou apenas aprovar um diploma cuja única intenção é reduzir o valor/hora que recebemos?”.

O grupo de médicos tarefeiros, que já tem direção nomeada, tem questões a colocar à tutela e espera receber “uma resposta ao pedido feito". "Esperamos que seja possível construírem-se pontes, para bem de todos, sobretudo do SNS”.

Na verdade, ser prestador de serviço significa na maioria das vezes não estar integrado na carreira médica e não ter uma especialidade médica. E esta questão pode ser difícil de negociar.

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