Maria Lúcia Amaral no Parlamento
Maria Lúcia Amaral no ParlamentoLeonardo Negrão

MAI determina abertura de processos disciplinares a polícias suspeitos de explorar imigrantes

IGAI solicitou ao Ministério Público o envio de elementos constantes no processo de inquérito crime, que corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal para apreciação.
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A ministra da Administração Interna determinou esta terça-feira, 2 de dezembro, à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de processos disciplinares aos 11 elementos das forças de segurança detidos por suspeitas de exploração de imigrantes no Alentejo e que saíram em liberdade.

“A ministra da Administração Interna determinou, esta terça-feira, a abertura de onze processos disciplinares, a cargo da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), aos dez militares da GNR e ao agente da PSP constituídos arguidos” no âmbito do processo “Safra Justa”, avançou à Lusa o ministério tutelado por Maria Lúcia Amaral.

Segundo o Ministério da Administração Interna (MAI), a IGAI solicitou ao Ministério Público o envio de elementos constantes no processo de inquérito crime, que corre termos no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para apreciação, que vão ser, “posteriormente, analisados pela IGAI, de forma a avaliar a necessidade de aplicação de eventuais medidas cautelares”.

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Militares da GNR detidos por exploração de imigrantes no Alentejo regressam ao serviço

A Polícia Judiciária deteve há uma semana 17 pessoas, 10 dos quais militares da GNR e um agente da PSP, por suspeitas de exploração de imigrantes no Alentejo no âmbito da operação "Safra Justa”.

Dos 17 detidos, três, todos civis, ficaram em prisão preventiva, os 10 GNR e um PSP com termo de identidade e residência (TIR) e os outros três civis ficaram obrigados a apresentações periódicas e proibidos de contactar com as vítimas e os coarguidos, bem como de se ausentarem para o estrangeiro.

O tribunal justificou a saída em liberdade dos 10 militares da GNR e um agente da PSP por entender que “não podem ser utilizadas para efeitos de fundamentação das medidas de coação” as escutas telefónicas que não foram transcritas pelo Ministério Público.

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Exploração de imigrantes. GNR's e PSP libertados por falta de provas. DCIAP deixou escutas de 2024 por transcrever

Fonte da GNR disse à Lusa que os 10 militares da GNR voltaram esta terça-feira ao serviço, tendo sido escalados para os postos onde se encontram colocados.

Segundo a mesma fonte, a GNR aguarda pela aplicação de medidas no âmbito dos processos disciplinares.

O agente da PSP está de baixa desde setembro de 2024.

A organização criminosa desmantelada, na semana passada, na operação “Safra Justa” da PJ controlava cerca de 500 trabalhadores estrangeiros no Alentejo, mas nem todos são considerados vítimas de tráfico, segundo fonte policial.

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Imigrantes explorados e ameaçados. Investigação da PJ partiu de denúncia de duas vítimas que tiveram proteção

Quanto aos seis civis, a fonte policial precisou que quatro são portugueses e dois são estrangeiros, “todos membros da organização criminosa”.

Os dois estrangeiros, do sul da Ásia, “angariavam as vítimas dessa mesma origem e acabavam também por coagi-las e ameaçá-las”.

Entre os portugueses, encontra-se, segundo a fonte, “o cabecilha” da rede, sendo os restantes “seus braços direitos”.

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