Câmara de Loures apresentou queixa ao Ministério Público contra "comercialização de barracas" no Talude
O presidente da Câmara Municipal de Loures revelou esta terça-feira, 22 de julho, que apresentou uma queixa-crime ao Ministério Público denunciando uma “teia criminosa” de "comercialização de barracas" no bairro do Talude Militar.
“Estão a comercializar barracas a dois mil e três mil euros cada cinco metros quadrados, com garantia de luz e água”, disse Ricardo Leão, numa cimeira organizada pela SIC Notícias, apontando que entre março e julho “quadriplicou o número” de habitações precárias no Talude Militar.
Questionado sobre que “teia criminosa” é essa, Ricardo Leão adiantou: “É uma só pessoa, que está identificada, que tem lá uma barraca também.”
"Pessoas estão lá porque querem"
O presidente da Câmara Municipal de Loures disse ainda que o bairro do Talude Militar “é um caso particular”, onde, depois das demolições que ordenou, “as pessoas estão porque querem”.
Em declarações à chegada a Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, para o evento "Cimeira da Grande Lisboa", Ricardo Leão reiterou que “é necessário estancar aglomerados” de construção precária e ilegal, que “vão crescendo”.
Questionado pela Lusa, o autarca confirmou que está “a fazer a contestação” à decisão de um tribunal de Lisboa que aprovou uma providência cautelar apresentada por 14 moradores do Talude Militar.
“Neste momento é um problema judicial”, sublinhou, escusando-se a responder se pretende continuar a operação de demolição iniciada na segunda-feira da semana passada, que deitou abaixo 55 habitações, mas foi entretanto suspensa, por decisão do tribunal, deixando nove casas de pé.
“O resto depois vê-se”, disse, por duas vezes, em resposta à pergunta sobre se pretende continuar com as demolições.
À questão sobre o que acontecerá à meia centena de pessoas que continua a pernoitar em tendas no bairro, entre escombros e entulho, Ricardo Leão respondeu: “As pessoas estão [no bairro] porque querem.”
O autarca, eleito pelo PS, notou que o concelho de Loures se debate com “os problemas que toda a Área Metropolitana [de Lisboa] tem tido”, especificando a “escassez de habitação”, nomeadamente habitação pública.