A Câmara Municipal de Lisboa está a trabalhar no sentido de arrancar com o Programa Municipal para a Educação Antirracista já no próximo ano letivo, disse à Lusa fonte da autarquia, em resposta a questões sobre a criação de uma Escola Antirracista Multicultural e para os Direitos Humanos, proposta há dois anos pelos Cidadãos Por Lisboa (CPL), atualmente com duas vereadoras no executivo municipal..A Câmara de Lisboa refere que os serviços municipais procederam ao diagnóstico sobre "não só o número de crianças estrangeiras integradas, incluindo as suas nacionalidades e necessidades específicas (nomeadamente, no que respeita ao domínio da língua portuguesa)", mas também sobre os "projetos concretos" já "aplicados e desenvolvidos pelas entidades da sociedade civil"..Na resposta à Lusa, a autarquia adianta que, com base nas necessidades identificadas no diagnóstico, feito através de um questionário aplicado a todos os agrupamentos escolares e escolas não agrupadas de Lisboa, está, "neste momento", a estruturar "propostas de atividades que visam a inclusão de todas as crianças"..Simultaneamente, acrescenta, "encontra-se também em curso o processo de articulação com as diversas entidades parceiras para o cumprimento dos objetivos pretendidos"..Citada na resposta, a vereadora com o pelouro da Educação, Sofia Athayde, reconhece que a "crescente multiculturalidade da população" da capital torna "fundamental ajustarmos os projetos educativos para acolhermos crianças que trazem consigo culturas, línguas e experiências variadas, que contribuem para um ambiente mais rico e inclusivo"..A vereadora (eleita pelo CDS-PP) sublinha que "é essencial" que haja "uma eficaz integração nas escolas, proporcionando um espaço onde [as crianças] se sintam seguras, respeitadas, valorizadas e onde estudem e aprendam"..A Câmara de Lisboa recorda, porém, que as competências da autarquia na área da educação se limitam "ao edificado, à gestão corrente e a atividades de ocupação dos alunos nos horários não letivos"..O Programa Municipal para a Educação Escola Antirracista Multicultural e para os Direitos Humanos - proposto pelos Cidadãos Por Lisboa - foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de Lisboa em julho de 2022 com o objetivo de entrar em vigor no ano letivo a iniciar em setembro desse mesmo ano, o que não veio a acontecer..Na altura, os CPL justificaram a proposta com o "crescimento visível de discursos populistas e radicais que promovem o racismo, a xenofobia e a desigualdade", defendendo que, "para os combater, há, desde logo," que começar pela promoção de valores de diversidade e de diálogo intercultural nos estabelecimentos de ensino e junto dos mais jovens"..Contactados pela Lusa a propósito da indicação da Câmara de Lisboa de que o programa deverá arrancar no próximo ano letivo, os CPL lamentaram os "dois anos de atraso", realçando que, "se era necessário" em 2022, os "recentes acontecimentos na cidade e no país mostram como é ainda mais premente" em 2024.