Fogos de setembro consumiram 135 mil hectares entre os dias 13 e 20 desse mês.
Fogos de setembro consumiram 135 mil hectares entre os dias 13 e 20 desse mês.Artur Machado

Incêndios: Risco de grandes incêndios diminui com unidades locais de proteção civil

Coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil de Pombal defende as ULPC, contempladas na Lei de Bases de Proteção Civil de 2006, e que correspondem ao território da freguesia.
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O coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil de Pombal considera que o risco de grandes incêndios diminui com unidades locais de proteção civil (ULPC) e realça a importância destas equipas ao longo do ano.

“Obviamente, o facto de elas existirem diminui o risco de haver, pelo menos, um grande incêndio, já não digo de diminuir o risco de haver incêndio, mas pode diminuir, drasticamente, o risco de haver um grande incêndio”, afirmou à agência Lusa Hugo Gonçalves.

As ULPC estão contempladas na Lei de Bases de Proteção Civil, de 2006, e correspondem ao território da freguesia.

O concelho de Pombal, no distrito de Leiria, tem 13 freguesias e 11 ULPC. Uma outra está em vias de ser criada. O número de voluntários é de cerca de 200.

O trabalho das ULPC passa pela prevenção e avaliação de riscos e vulnerabilidades, sensibilização e informação pública, e apoio à gestão de ocorrências. No verão, a atividade é concentrada na vigilância do território contra incêndios todos os dias.

Segundo o coordenador da Proteção Civil de Pombal, “aos fins de semana, quando os voluntários estão mais disponíveis, o concelho consegue ter mais de metade das ULPC em atividade, o que é muito bom”.

Hugo Gonçalves referiu que este verão uma ULPC fez uma primeira intervenção num pequeno foco de incêndio e, quando os bombeiros chegaram, “só fizeram o rescaldo”.

“Foi resolvido, porque a ULPC estava a metros do local. Houve elementos que viram o fumo, acharam estranho, foram ver e resolveram logo uma coisa muito pequenina”, declarou.

Hugo Gonçalves, que é também comandante dos Bombeiros Voluntários de Pombal, salientou que “a primeira intervenção a este tipo de situações é no âmbito da vigilância”.

“Ou seja, se por acaso estiverem a fazer vigilância e detetarem uma situação destas, [os voluntários] poderão intervir numa primeira intervenção, nas não é função da ULPC efetuar o combate”, disse.

Nesse sentido, sublinhou a importância da formação para os voluntários terem “noção daquilo que estão a fazer” ou das características do local onde estão.

As ULPC do concelho contam com um total de nove veículos ligeiros, com ‘kit’ de intervenção que inclui depósito de água e ferramentas, e dois pesados, com maior capacidade de água.

Os voluntários têm fardamento ignífugo, com botas e capacetes, que tem identificação do município e freguesia.

“Mesmo sabendo que não podem executar ações de combate, o facto de estarem envolvidos no teatro de operações de incêndio para apoiar, pode, em algumas situações, ser necessário, inclusivamente para a primeira intervenção rápida, aquele tipo de fardamento”, esclareceu Hugo Gonçalves.

Além do seguro, os voluntários recebem formação, da responsabilidade do Serviço Municipal de Proteção Civil, havendo recurso a outros agentes de proteção civil em temáticas que se justifique.

O trabalho destes voluntários não se esgota no verão, com o coordenador a destacar o papel das ULPC todo o ano, incluindo em situações como tempestades ou cheias.

Identificação e comunicação de riscos, desde quedas de muro e desmoronamento de terras, ou sinalização de vias são outras das múltiplas situações em que a ULPC pode intervir.

“Comunicam ao Serviço Municipal de Proteção Civil ou eventualmente ao agente de proteção civil competente para resolver a situação”, esclareceu este responsável.

Segundo Hugo Gonçalves, em março, quando ocorreu a tempestade Martinho, que provocou danos no concelho de Pombal, houve ULPC que desimpediram vias municipais e, “realmente, fizeram uma diferença”.

“Costumamos dizer que as ULPC são o braço direito do Serviço Municipal de Proteção Civil”, afirmou.

O coordenador municipal acrescentou que “é sempre muito importante divulgar” a existência das ULPC, pois “acabam por ser dissuasoras também de qualquer tipo de comportamento menos adequado por parte da população”.

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