IGAS confirma uma morte por falha no socorro durante a greve no INEM. Vínculo laboral de médico em causa
Foi confirmada pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) pelo menos uma morte por falha no socorro durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), avança esta quarta-feira, 25 de junho, o jornal Expresso.
O caso diz respeito a um homem de 53 anos, residente no concelho de Pombal, que sofreu um enfarte agudo do miocárdio no ano passado. “A morte poderia ter sido evitada caso tivesse havido um socorro, num tempo mínimo e razoável”, indicam os inspetores do IGAS no documento a que o semanário teve acesso.
É ainda referido que o homem poderia ter sobrevivido caso a resposta do INEM fosse o transporte “através de uma Via Verde Coronária para um dos hospitais mais próximos, onde poderia ser submetido a angioplastia coronária numa das respetivas unidades hemodinâmicas”.
De acordo com a Lusa, que cita o mesmo relatório do IGAS, foi remetido ao conselho diretivo do INEM a sugestão para decidir sobre a instauração de um procedimento disciplinar a uma técnica de emergência pré-hospitalar (TEPH), por haver indícios da prática de conduta infratória na prestação de socorro à vítima. Remete ainda para o INEM a decisão da manutenção da prestação de serviços a um médico, pela “gravidade dos factos praticados na prestação de socorro à vítima”, e sobre as alterações que considere necessárias ao funcionamento do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM).
Investigações a outros dois casos, um homem de 77 anos do Algarve e uma mulher de 86 anos do Alentejo - os dois com doenças do foro circulatório, segundo o jornal -, não determinaram uma relação de causalidade com o alegado atraso no socorro durante a greve do INEM.
Aliás, a 12 de junho, a IGAS fez saber, em comunicado, que tinha arquivado o inquérito referente à morte de um homem em novembro de 2024, ocorrida durante a greve do INEM, uma vez que a investigação concluiu que a situação da vítima era "irreversível e o desfecho fatal inevitável".
Recorde-se que a greve decretada pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar às horas extraordinárias decorreu em outubro e início de novembro de 2024 e coincidiu com uma greve geral da Administração Pública, não tendo sido decretados serviços mínimos.
A IGAS está ainda a investigar nove mortes, cujos inquéritos devem ficar concluídos no final de julho, segundo disse o inspetor-geral da Saúde ao Expresso.