O secretário-geral da CGTP disse que espera uma "forte participação" na greve geral convocada para a próxima quinta-feira, 11 de dezembro, com "um impacto maior" na saúde, educação e transportes e garantiu que os serviços mínimos “serão respeitados”."Há setores, que, pela sua dimensão e pela área onde tocam" sentirão um impacto "maior", afirmou o secretário-geral da CGTP, dando como exemplo a saúde, a educação e os transportes.Tiago Oliveira lembrou ainda que a greve abrange o setor público e privado e disse acreditar que também no privado "os trabalhadores vão demonstrar a sua forte participação".A greve geral foi convocada em resposta ao anteprojeto de revisão laboral apresentado pelo Governo e marcada em convergência com a UGT, naquela que será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais desde junho de 2013.Questionado sobre se os sindicatos afetos à CGTP irão respeitar os serviços mínimos que serão decretados, Tiago Oliveira é taxativo: "Os serviços mínimos têm de ser respeitados e irão sempre ser respeitados", assegurou, sublinhando, no entanto, que perante a lei atual os serviços mínimos que são decretados "já ultrapassam o normal funcionamento das instituições".Tiago Oliveira reiterou ainda as críticas à intenção do Governo de alargar os setores que estão abrangidos por serviços mínimos em caso de greve, indicando que o atual Código do Trabalho já assegura "os mecanismos necessários" para cobrir os setores em que "são essenciais, dando como exemplo a saúde."O que este Governo está a fazer é atacar a lei da greve", defendeu Tiago Oliveira, criticando a intenção do executivo de querer alargar os serviços mínimos aos serviços de cuidado a crianças, idosos, doentes e pessoas com deficiência, aos serviços de segurança privada de bens ou equipamentos essenciais ou ao abastecimento alimentar."Ainda hoje não percebemos o que é que o Governo entende quando coloca uma área como o setor alimentar como serviço de necessidade social impreterível", apontou.O secretário-geral da GCTP indicou ainda que a decisão de a central sindical avançar para uma greve geral foi em crescendo, dado que já tinham realizado duas manifestações a 20 de setembro, em Lisboa e no Porto, e uma outra nacional a 08 de novembro, pelo que esta paralisação culmina um "percurso de luta".Apesar de referir que "quem controla o calendário é o Governo", nomeadamente sobre quando irá submeter a proposta de lei de revisão da lei laboral no parlamento, Tiago Oliveira sublinha que a perceção da CGTP é a de que "depois do dia 27" de novembro (data da votação final global do Orçamento do Estado para 2026), "o Governo tinha a autoestrada aberta para, a qualquer momento, levar à Assembleia da República" a sua proposta.E se "é para dar combate, então vamos dar combate desde já, enquanto o documento está em sede de concertação social", acrescentou.Depois de a ministra do Trabalho, Rosário Palma Ramalho, ter referido que espera que o cumprimento dos serviços mínimos torne desnecessária a requisição civil e de o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, ter dito que o executivo vai tentar minimizar os efeitos da greve geral, o secretário-geral da CGTP considerou ser "importante" que o Governo "se preocupasse com as razões que levaram a decretar a greve" ao invés "de estar preocupado" com os seus efeitos..Greve geral. Acordados serviços mínimos para abastecimento da Galp no Aeroporto de Lisboa. Convicto de que será "uma grande greve geral", Tiago Oliveira assegura ainda que se a paralisação não corresponder às expectativas isso não irá fragilizar a posição negocial da CGTP e da UGT, dado que "quem vai fazer a greve geral (...) não é o sindicato A ou o sindicato B", mas os trabalhadores..Abertura negocial do Governo ”é uma falácia”.A CGTP considera "um erro" achar que a ministra do Trabalho está a fazer uma “leitura própria” das propostas do anteprojeto de revisão da legislação laboral, apontando Montenegro como o “primeiro responsável”, e considera a abertura negocial “uma falácia”."É um erro que cometemos se acharmos que aquilo que a ministra está a fazer é uma leitura própria relativamente ao mundo do trabalho", afirmou o secretário-geral da CGTP."A ministra não deixa de ser um membro do Governo e o primeiro-ministro sabe perfeitamente aquilo que é o conteúdo do pacote laboral", vincou Tiago Oliveira, apontando Luís Montenegro como o "primeiro responsável" pelo "clima" criado em volta das alterações à lei laboral.Já sobre o "posicionamento negocial" do Governo em torno deste anteprojeto, o líder da CGTP diz que a "abertura negocial [por parte do executivo] é uma falácia que está a ser construída", dado que o executivo "não abdica das linhas mestras".Tiago Oliveira indicou ainda que desde que o anteprojeto foi apresentado, em 24 de julho, a CGTP teve "duas reuniões bilaterais" com o Governo e que em "nenhuma" destas "surgiu qualquer proposta de alteração" face ao documento inicial nem o executivo se mostrou disponível para acolher alguma proposta desta central sindical."A resposta da ministra foi simples: não se revê nas nossas propostas", disse Tiago Oliveira.Ainda que sinalize que a CGTP não recebeu a nova proposta enviada pelo Governo à UGT, que inclui cedências em matérias como a simplificação dos despedimentos nas médias empresas e nos horários flexíveis, Tiago Oliveira realça, que, face ao que foi noticiado, o documento mesmo naquelas que têm demonstrado algum avanço, nenhuma delas belisca os eixos centrais".Entre as medidas criticadas pelo líder da CGTP está o alargamento no prazo dos contratos, que, no entender da central sindical, "dá mais ferramentas às empresas para contratar trabalhadores precários", a revogação da norma que prevê restrições ao 'outsourcing' em caso de despedimento, o regresso do banco de horas individual, que vem "desregular os horários de trabalho dos trabalhadores", ou "o impedimento dos sindicatos a entrarem nos locais de trabalho", exemplificou.Apesar das críticas reiteradas por parte da ministra, que disse que a CGTP se tem colocado desde o início à margem das negociações, Tiago Oliveira garante que a central sindical "não abdica de estar em qualquer reunião para a qual é convocada" e que está disponível para "[se] sentar e discutir", mas deixa o aviso. .UGT: Ministra do Trabalho "não tem jeito" para criar ambiente negocial."Nós não estamos para discutir o quanto é que vamos recuar nos direitos dos trabalhadores", vincou, Tiago Oliveira, rejeitando "a ideia de que a CGTP não assina nada" e destacando que nas suas mais de cinco décadas de história "já assinou oito acordos em sede de Concertação Social".O líder da CGTP reitera, por isso, o apelo ao Governo para que "retire esta proposta de pacote laboral" da discussão, dado que constitui "um verdadeiro assalto aos direitos dos trabalhadores", e defende que a discussão seja feita tendo em vista "a melhoria das condições de vida e trabalho".Apesar das críticas, a ministra do Trabalho já veio dizer que o Governo "não está disponível para retirar toda a proposta" e que gostaria de manter as "traves mestras", ainda que esteja aberto ao diálogo. Palma Ramalho disse ainda que “não vai eternizar” a negociação na Concertação Social, mas decidiu "dar mais tempo" à UGT.A CGTP e a UGT decidiram convocar uma greve geral para 11 de dezembro, em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo.Esta será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob intervenção da 'troika'. .TAP cancela voos no dia da greve geral de 11 de dezembro