O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, admitiu esta quarta-feira, 23 de julho, que o Governo tem conhecimento de uma rede criminosa a comercializar habitações precárias na zona de Loures, onde estão a ocorrer demolições.“Temos esse conhecimento porque estamos a falar, permanentemente, com o presidente da Câmara de Loures”, disse o governante, acrescentando que o autarca Ricardo Leão (PS) “não está sozinho” na questão da demolição de habitações precárias no bairro do Talude Militar, que está a causar polémica.O ministro da Infraestruturas e Habitação falava à margem da cerimónia de assinatura do acordo para estudos de viabilidade da Linha de Alta Velocidade de Trás-os-Montes, que decorreu na sala de atos do Teatro Municipal de Bragança.Miguel Pinto Luz referia-se assim à denúncia que o presidente da Câmara de Loures fez na terça-feira à noite, num debate promovido pela SIC Notícias.Na altura, Ricardo Leão revelou que apresentou uma queixa-crime ao Ministério Público contra uma “teia criminosa” de "comercialização de barracas" no bairro do Talude Militar.“Estão a comercializar barracas a dois mil e três mil euros cada cinco metros quadrados, com garantia de luz e água”, disse o autarca, apontando que esta “teia” é promovida por “uma só pessoa, que está identificada, que tem lá uma barraca também”..Câmara de Loures apresentou queixa ao Ministério Público contra "comercialização de barracas" no Talude. O ministro afirmou que “o Governo está a acompanhar a situação e não vai colocar a cabeça debaixo da areia para deixar andar esta proliferação, que está a acontecer na Área Metropolitana de Lisboa (AML)”.“Não queremos uma AML igual à AML que tínhamos na década de 80 [do século passado]. Mas temos de perceber e ter equilíbrio, nós não temos corações de pedra, somos sensíveis ao que está a acontecer”, vincou.Miguel Pinto Luz afirmou que esta é uma questão com várias frentes, estando, por um lado, o presidente da Câmara de Loures a defender “o interesse legítimo” da autarquia e a “garantir a legalidade”, porque não pode permitir a “proliferação destas construções ilegais".Por outro, “há que garantir a essas pessoas um teto”.A Câmara de Loures iniciou há uma semana uma operação de demolição de 64 habitações precárias, onde vivem 161 pessoas.Em dois dias, foram demolidas 55, mas nesse segundo dia foi interposta uma providência cautelar por 14 moradores, que o Tribunal Administrativo de Lisboa aceitou e levou à suspensão das operações..PGR confirma abertura de inquérito sobre as demolições no bairro do Talude Militar