O Chefe do Estado-Maior da Armada rejeitou esta quarta-feira modelos antigos do Serviço Militar Obrigatório, que vigorou até 2004, e defendeu uma "nova resposta" consensual entre o poder político e a sociedade para mobilizar população em situações limite.."O modelo antigo [do Serviço Militar Obrigatório] é precisamente isso, o modelo antigo. Tem que se encontrar uma nova resposta. Isso não é algo que se encontre amanhã, tem que ser discutida, tem que ser uma resposta que o poder político aceite, que a população aceite, porque só todos nós em conjunto podemos dar uma resposta que seja uma resposta do próprio país", considerou o almirante Henrique Gouveia e Melo, em declarações aos jornalistas, na Base Naval de Lisboa, em Almada..O almirante defendeu que, através do artigo de opinião que publicou no semanário Expresso no passado dia 28 de março, tentou "alertar para um perigo iminente".."Todos nós sabemos, e julgo que é público, que há uma escassez de pessoal nas Forças Armadas e sobre isso nós temos que tentar resolver, não é com recrutamento obrigatório como se tem falado. Mas isso é um problema. Depois há outro problema que é a capacidade de mobilizarmos rapidamente a população para nos defendermos em caso de necessidade extrema", distinguiu..Na opinião do chefe militar da Armada, "o poder político e os militares, no tempo certo, discutirão qual é a melhor forma de o fazer".."Mas certamente haverá fórmulas, outros países já estão a testar novas fórmulas, portanto, é uma questão de tempo, inteligência e de vontade, essencialmente vontade, de resolver um problema que está às nossas portas", sublinhou..Interrogado sobre se não se arrepende de ter levantado o tema do Serviço Militar Obrigatório (SMO), Gouveia e Melo respondeu: "Como militar não me arrependo de falar sobre os assuntos que implicam com a Defesa do país, da Europa, e com dois pilares essenciais que são a NATO, que é a nossa soberania, e a União Europeia, que é a nossa prosperidade. E isso hoje está tudo em jogo".."No passado, se me perguntassem se eu concordava com o SMO quando as nossas ações eram mais expedicionárias e não havia uma guerra na Europa e uma guerra convencional, que é uma agressão violentíssima, eu diria que não. Por isso, temos que nos adaptar à realidade e a realidade é que há uma agressão na Europa que pode pôr em causa a nossa forma de estar como nós a concebemos hoje", acrescentou..Na sexta-feira, num artigo no Expresso, o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo, afirmou que pode vir a ser necessário "reequacionar o serviço militar obrigatório, ou outra variante mais adequada", de forma a "equilibrar o rácio despesa/resultados" e "gerar uma maior disponibilidade da população para a Defesa"..Esta posição foi também partilhada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, Eduardo Ferrão, que, em declarações ao Expresso, defendeu que "uma reintrodução do serviço militar obrigatório justifica-se ser estudada e avaliada sob várias perspetivas"..O Serviço Militar Obrigatório terminou em 2004. O seu fim foi aprovado em 1999, por um executivo liderado pelo socialista António Guterres, ficando estabelecido um período de transição de quatro anos..A passagem para a profissionalização ficou concluída em setembro de 2004, dois meses antes da data prevista, 19 de novembro, com o centrista Paulo Portas como ministro da Defesa..CEMA alerta que Europa "não vive tempos normais" perante força de partida para a Lituânia.O chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) alertou esta quarta-feira que a Europa "não vive tempos normais"perante uma força de 146 fuzileiros que partem na quinta-feira para a Lituânia no âmbito de uma missão da NATO.."Engane-se quem julga que vivemos tempos normais, nós não vivemos tempos normais. A Europa não vive tempos normais", avisou o almirante Henrique Gouveia e Melo na cerimónia de despedida da força de fuzileiros que vai participar numa missão de dissuasão da Aliança Atlântica na Lituânia, país que faz fronteira com o enclave da Federação Russa, Kaliningrado..Segundo o CEMA, existe um "perigo iminente sob o nosso modo de vida, do Estado de Direito baseado em regras e liberdades individuais, do estado democrático e de um modo de vida ocidental".."O que vocês vão fazer é reafirmar a vontade de Portugal e dos europeus de não se deixarem vencer, de não serem pura e simplesmente gente amorfa em que um agressor nos possa vir impor as suas ideias, a sua autocracia, a sua ditadura e a sua violência", defendeu..Na sua intervenção, Gouveia e Melo citou ainda o antigo primeiro-ministro inglês Winston Churchill.."Churchill, durante a II Guerra Mundial, disse uma vez que era preciso haver homens rudes capazes de visitar a violência durante a noite para que outras pessoas pudessem dormir descansadas. Vós sois esses homens rudes", afirmou o militar..Em declarações aos jornalistas, o comandante da missão, capitão-tenente fuzileiro Nuno Correia Marques, afirmou que esta "representa o reafirmar não só da Marinha portuguesa, mas também de Portugal no seu espaço da Aliança Atlântica e no seu compromisso com a mesma"..No terreno, estes militares vão "trabalhar com as Forças Armadas lituanas em atividades de treino e exercícios combinados e também com os outros aliados que se encontrarem na zona"..A missão realiza-se de 04 de abril a 02 de julho.