Extrema direita. PJ detém seis suspeitos, um deles PSP, e apreende armas, explosivos e propaganda nazi
A Polícia Judiciária (PJ) deteve seis pessoas suspeitas de integrar o Movimento Armilar Lusitano (MAL), "o qual pretendia constituir-se como um movimento político, apoiado numa milícia armada, e encontram-se indiciados pela prática de factos enquadráveis nos crimes de infrações terroristas, alteração violenta do Estado de direito e de detenção de armas proibidas".
O DN sabe que um dos suspeitos será um elemento da PSP ao serviço da Polícia Municipal de Lisboa (PML). A Polícia Judiciária também realizou buscas na PML e o suspeito terá sido detido em casa, onde se encontrava parte do material apreendido.
Na operação executada pela Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da PJ foram apreendidos explosivos, armas brancas, armas de fogo, munições e armas criadas através de impressão 3D. O DN sabe que foi ainda confiscado material de propaganda nazi com suásticas.
Em comunicado a PJ adianta que a investigação, iniciada em 2021 num inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação Ação Penal (DCIAP) "resultou da deteção on-line de indicadores de manifestações extremistas por parte de apologistas de ideologias nacionalistas e de extrema direita radical e violenta, seguidores de um ideário antissistema e conspirativo, que incentivava à discriminação, ao ódio e à violência contra imigrantes e refugiados".
O MAL tem estado fora dos radares mediáticos nas mais recentes ações de grupos extremistas de direita, como o 1143 e também o Reconquista, mas a sua ação já tinha sido investigada pela Policia Judiciária Militar (PJM) em 2020.
Conforme o DN noticiou na altura, os factos investigados pela PJM ocorreram em 2019, quando num blogue do MAL surgiram documentos confidenciais da Marinha, publicados sob um perfil falso.
Segundo fontes militares que acompanharam o processo, as publicações surgiram na altura em que tinha sido lançado um movimento inorgânico de contestação na Marinha, Naval Zero, na linha do Movimento Zero das polícias.
Assim que tiveram conhecimento da situação, responsáveis deste ramo das Forças Armadas desencadearam uma averiguação interna que acabou por conseguir identificar o departamento onde tiveram origem as publicações e a identidade do presumível autor.
A PJM abriu um inquérito e passados dois anos, foi entendimento desta polícia que "os factos indiciavam a prática do crime de natureza estritamente militar de violação do segredo", não havendo referência às suspeitas que levaram à instauração do processo.
"Concluída a investigação o processo foi remetido ao MP com proposta de arquivamento, sem arguidos constituídos", completou na ocasião fonte oficial.
O MAL apresenta-se como "um grupo de Lusitanos que enaltece Portugal e os Portugueses patriotas". Os seus seguidores foram referenciados nas manifestações dos coletes amarelos e no desfile racista com máscaras a imitar o Ku Klux Klan, junto ao SOS Racismo.
Segundo fontes militares que acompanharam o processo, as publicações surgiram na altura em que tinha sido lançado um movimento inorgânico de contestação na Marinha, Naval Zero, na linha do Movimento Zero das polícias.
Os seis detidos serão hoje presentes a Tribunal para primeiro interrogatório judicial de arguido detido e consequente sujeição às medidas de coação entendidas como adequadas.