Estão a decorrer nesta terça-feira, 18 de novembro, 25 buscas relacionadas com o processo de privatização da TAP de 2015, no âmbito de inquérito dirigido pelo Ministério Público (MP) do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Estão em causa suspeitas da prática de crimes de administração danosa, participação económica em negócio, corrupção passiva no setor privado e fraude fiscal qualificada e fraude à Segurança Social qualificada. "Estão em curso buscas residenciais e não residenciais em 25 locais, incluindo empresas, sociedades de advogados e sociedades de revisor oficial de contas", refere o (MP), em comunicado, dando conta que "não está prevista qualquer detenção".Nesta operação, denominada “Voo TP789”, os inspetores da PJ "visam a obtenção de prova" em relação aos "factos participados ao Ministério Público em dezembro de 2022 e relacionados com a aquisição pelo agrupamento Atlantic Gateway, à Parpública, de 61% do capital social da TAP, SGPS e da subsequente capitalização daquela entidade com fundos provenientes de um financiamento acordado, em momento prévio à aquisição, entre a Airbus e a sociedade DGN Corporation (acionista da Atlantic Gateway)", explica a nota. Estão também a ser investigadas as "decisões contratuais tomadas por acordo entre a Aierbus e a DGN Corporation, em data anterior à da venda direta, com vista à aquisição pela TAP, S.A. de 53 novas aeronaves, e ao cancelamento de encomendas formalizadas em 2005". Isto insere-se "no contexto de suspeitas de que estas opções contratuais possibilitaram aquisição da participação social da companhia pelo consórcio Atlantic Gateway, e a respetiva capitalização, com recurso a financiamento externo, a pagar pela própria companhia e com prejuízos para a mesma"."Investigam-se ainda custos suportados pela TAP, S.A. com entidades ligadas à Atlantic Gateway, em momento prévio à venda direta, no contexto daquele processo, bem como fatualidade respeitante ao período em que a gestão da TAP, S.A. esteve a cargo dos acionistas privados, envolvendo a situação fiscal de pessoas singulares e sociedades ligados a essa gestão", adianta o MP. Em alguns dos locais visados, presidem às buscas dez procuradores e sete juízes, é ainda adiantado.As mais de duas dezenas de buscas visam a TAP, mas também o Grupo Barraqueiro, segundo o JN. A TAP já fez saber que “não comenta processos judiciais”, referindo que colabora "sempre com as autoridades em todas e quaisquer investigações”. "Estamos a dar apoio e suporte ao DCIAP com muitos meios da instituição", disse o diretor da PJ, Luís Neves, escusando-se a dar mais detalhes sobre esta operação, uma vez que "ainda estão a realizar-se diligências". "São muitos meios humanos que nós alocámos a uma solicitação do diretor do DCIAP", referiu aos jornalistas. As diligências visam o negócio em que o consórcio Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, adquiriu 61% do capital da TAP. Um processo de aquisição em que terão sido usados fundos da própria companhia aérea. A TAP terá tido, depois, um alegado prejuízo de centenas de milhões de euros com a aquisição de 53 novos aviões. Em outubro de 2022, foi aberto um inquérito pelo DCIAP, após uma denúncia de Pedro Nuno Santos, na altura ministro das Infraestruturas, na sequência de uma auditoria interna à TAP depois da renacionalização da companhia aérea. "A investigação encontra-se a cargo de uma equipa mista constituída por duas magistradas do Ministério Público, dois inspetores da Polícia Judiciária (PJ), um inspetor da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), uma inspetora da Segurança Social e dois especialistas do Núcleo de Assessoria Técnica (NAT) da PGR", refere o Ministério Público.Em atualização