Neste Dia Internacional da Cibersegurança, os dados de um estudo realizado pela investigadora Ana Ferreira, da Universidade de Porto - A cibersegurança no 1.º e no 2.º ciclo do Ensino Básico em Portugal: opiniões de professores e encarregados de educação” - revelam que 82% dos docentes e 90% dos pais ou encarregados de educação defendem a inclusão do ensino da cibersegurança nos currículos do 1.º e do 2.º ciclos do Ensino Básico. .A investigação - cuja amostra foi de 1348 docentes e 560 encarregados - conclui também não haver uma abordagem sistematizada e regular sobre o tema da cibersegurança nas escolas públicas do Ensino Básico português. Contudo, refere o documento a que o DN teve acesso, 71% dos docentes e 81% dos pais afirmam abordar o tema com os seus alunos e educandos, apesar de “apenas 38% dos docentes e 13% dos encarregados indicarem terem alguma formação nessa área”. .Ana Ferreira, investigadora responsável pelo estudo, patrocinado pela Fundação La Caixa, alerta para essa falta de formação, bem como para as consequências nas falhas na prevenção de ciberataques e ciberbullying, e pede mudanças. “A primeira estratégia essencial, sem a qual nada pode funcionar bem, é a promoção de campanhas de consciencialização e formação, quer para os encarregados de educação (EE), quer para os docentes e/ou educadores”..Para a investigadora, a cibersegurança pode ser “integrada em disciplinas já existentes como o DigitAll ou as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), onde estes conceitos farão mais sentido”. E embora esses conteúdos já existam em alguns agrupamentos, Ana Ferreira reforça a importância de serem acrescentados nos locais onde esta oferta não está disponível: “Terá de ser integrada como parte da oferta formativa dos estudantes.”.Phishing é dos ciberataques mais frequentes.Docentes e encarregados de educação afirmam que se deve apostar mais em formação sobre conteúdos relacionados com o ciberbullying (docentes: 71%; encar- regados de educação: 81%) e riscos nas redes sociais (docentes: 71%; encarregados de educação: 81%). A justificação, segundo Ana Ferreira, tem a ver com o uso “bastante regular” das redes sociais. .Contudo, a responsável salienta que os perigos do phishing (tipo de ciberataque concebido para levar as vítimas a revelarem informações confidenciais, como senhas ou dados de cartões de crédito) “devem ser mais alertados entre os jovens”, até porque é um dos crimes mais frequentes. “O phishing pode acontecer no acesso a aplicações e redes sociais, mas no caso dos jovens este pode também acontecer em ambiente de jogos online. Nesses ambientes, um pouco mais ‘alterados’, com contextos alternativos, possivelmente até mais distanciados da realidade, pode haver mais lugar a manipulação entre as camadas mais jovens, com o roubo de credenciais ou dinheiro”, sublinha.. “Ser vítima de ciberataque pode ter consequências bastante negativas, não só a nível material (fraude e roubo), mas também a nível físico e mental (ciberbullying, comprometimento de dados sensíveis de saúde, etc.). É preciso prevenir. O impacto é (e será) bem real”, salienta Ana Ferreira. A prevenção deve, assim, assumir um papel de destaque não só nas escolas ou no seio familiar, mas “para toda a população”. “Uma sociedade cibersegura depende da educação e consciencialização de toda a população, sendo assim essencial que isso seja feito o mais cedo possível”, conclui..Para suprir as lacunas identificadas no estudo, Ana Ferreira acredita ser necessária uma maior aposta na formação, “com os conteúdos programáticos que se propõe existirem nos currículos dos 1º e 2º ciclos, e a promoção de parcerias com instituições do Ensino Superior e de investigação, que têm especialistas com conhecimento atualizado quer dos ataques mais impactantes, como das técnicas que potencialmente funcionam melhor para a proteção dos indivíduos”.