O que acontece depois da morte? Esta é a pergunta feita pela Dark Immersive Experience, ou também intitulada DIE. A experiência imersiva de terror - sobre a morte - está disponível até 14 de dezembro nos Nirvana Studios, Centro Cultural Alternativo, em Oeiras. .A DIE surgiu a convite do Rui Gago, da Custom Circus, responsável pelos Nirvana Studios, a Michel Simeão, do projeto Casa Assombrada, para visitar uma garagem no Centro Cultural. “Não sabia o que fazer com este espaço”, conta Michel Simeão ao DN. Foi quando ficou fechado no armazém escuro que a ideia apareceu. “Percebi a qualidade daquele escuro. Havia ali potencial para trabalhar em algo de terror.”.A experiência é feita em grupos de cinco pessoas, que irão percorrer o espaço agarrados a uma corda e com auscultadores com som imersivo, gravado a 360 graus. Os visitantes vão embarcar numa viagem pelo desconhecido, de um imaginário para um “depois da morte”. “Ninguém sabe o que é que acontece quando morremos. É o profundo e total desconhecido. É essa ideia do desconhecido que nós tentamos explorar”, afirma o organizador. .O espaço está dividido por três zonas e a corda é o elemento principal da experiência, que ajuda os participantes a seguirem-se pela história. É, aliás, muito aconselhável não largar a dita corda!.Simeão explica que o objetivo da experiência é também levar os visitantes a uma reflexão pessoal: “Quero levar as pessoas a pensar no passado, nos seus traumas de infância.” Mas a viagem é diferente para cada visitante. “As pessoas vão sentir as coisas de uma maneira diferente, porque está relacionado com a crença de cada um”, acrescenta. .A maior dificuldade para criar esta experiência foram os prazos. ”Quando começámos com a produção destas com uma data marcada, não se pode falhar. O tempo é sempre curto”, disse Michel Simeão, referindo ainda o desafio de ocupar o espaço: “São cerca de 480 metros quadrados e precisava de ser todo desenhado.” “O Michel estava a desenvolver toda a história e nós tínhamos de estar a pensar como fazer a estrutura”, acrescenta Rui Gago. .Uma das razões para a escolha da data de estreia, ocorrida a 17 de outubro, foi a relação deste mês com o Halloween - comemorado a 31 de outubro. “Como estamos ligados ao terror, gosto sempre de estrear coisas no mês de outubro”, menciona Michel Simeão..A experiência estará disponível todas as quintas, sextas e sábados. O preço dos bilhetes é de 18 euros. .(Spoilers...) Uma corda e algumas doses de medo.À porta do local onde decorre a experiência ouvem-se gritos. É uma espécie de armazém convertido noutra coisa qualquer. Lá dentro está um grupo de cinco pessoas que está a viver a imersão no breu. As vocalizações sugerem puro terror, que chega em doses controladas às pessoas que estão cá fora à espera, tendo em conta que os gritos não são constantes. A intermitência dos gritos acompanha a chuva. Esta amálgama sensorial ajuda a que a experiência se torne real e a espera à porta, marcada pela expectativa do que não sabemos que vai acontecer, é ainda pior... no melhor sentido. Mas tudo é opcional e a reação aos estímulos depende da personalidade de quem participa. .As portas abrem-se, o grupo ruidoso sai, entre risos maléficos, e é aí que começa o percurso..Uma mulher, que demonstra uma simpatia que esconde algo, entrega-nos um par de auscultadores com duas recomendações: “Nunca, em momento algum, tirem os fones. E, principalmente, nunca larguem a corda!”.A segunda recomendação será repetida várias vezes ao longo deste passeio pela simulação sobrenatural. Sim, agarramo-nos a uma corda e percorremo-la. .Os auscultadores fornecem uma experiência auditiva binaural, que arrasta sons captados com uma tecnologia que simula tridimensionalidade. Sentimos, apenas através do som, alguém a respirar-nos ao pescoço..Começa a história. A narrativa é insuficiente para que a experiência seja imersiva, mas tenta conduzir-nos pelo percurso. Há várias fases, pontuadas por enigmas e interações com “entidades”. É o que explica a voz..Os atores limitam-se a estar ali. Há máscaras, há cadeiras de rodas, cabelos despenteados. Por vezes acende-se uma luz ténue e o narrador pede-nos que decifremos um puzzle. Os momentos sucedem-se. Há luzes fracas que nos mostram para onde temos de ir... E o resto é escuridão..No fim, as pistas que recolhemos dão-nos acesso à saída. Mesmo que o enigma final não tenha sido resolvido. É uma tentativa alquímica de passar para o outro lado da morte e dura 20 e tal minutos. Já as reações, essas, cabem a cada um.