É com um sentido lamento que a edição desta terça-feira, 29 de julho, do jornal i anuncia aos leitores, na capa, que esta é a sua última saída para as bancas. O semanário (que começou por ser diário) do grupo Newsplex, o mesmo detentor do Nascer do Sol, chega ao fim depois de quase quatro mil edições impressas.No seu editorial, o diretor executivo adjunto diz que o jornal "chega ao fim da estrada" como é atualmente, "passando em breve ao formato de uma revista que será distribuída com o Nascer do Sol".José Cabrita Saraiva também recorda o seu próprio percurso no semanário, agradece à equipa e destaca o papel do i como espaço de criatividade."Para quem fez parte da direção ao longo de dez anos e se bateu sempre por fazer chegar às bancas as melhores edições que era possível, o fim do jornal tal como o conhecemos tem um sabor de derrota. É o falhanço de um projeto que envolveu anos de trabalho e de sacrifício de uma equipa excecional, que de forma generosa e abnegada deu o melhor de si em condições muito adversas", escreve José Cabrita Saraiva.O diretor também chama a atenção para "o pano de fundo" deste encerramento, a "crise da imprensa e da leitura, que corresponde a uma crise civilizacional e de valores".Para José Cabrita Saraiva, "um jornal que desaparece é apenas o sintoma" de uma atualidade "em que triunfam os vídeos curtos, as ‘bocas’ nas redes sociais e as mensagens instantâneas porque já ninguém tem paciência para ler um artigo de jornal do princípio ao fim. Um mundo cheio de luzes de ecrãs e de algazarra, excessivo e frenético. Mas que, sem a garra e a criatividade do i, fica também mais cinzento e aborrecido"..Trust in News, dona da Visão, comunica despedimento coletivo dos 80 trabalhadores.O i arrancou a 7 de maio de 2009 como um diário. O diretor interino, Vítor Rainho, também destaca no seu editorial a situação de crise que avançou sobre a comunicação social nos últimos anos."O emagrecimento das redações, e não se pense que foi só no SOL e no i – é transversal a quase todas as redações, com a exceção de uma – obrigou os resistentes a darem muito mais de si, apesar da diminuição da qualidade de vida. Nos 10 anos que fui diretor, diretor executivo ou diretor interino do i assisti a verdadeiros milagres de alguns jornalistas que praticamente não dormiam para conseguirmos fazer um diário, o i, e um semanário, o SOL", pontua Rainho.A notícia do fim do i chega quatro dias depois de a Trust in News (TiN) ter comunicado o despedimento coletivo dos 80 trabalhadores do grupo, que detém títulos como as revistas Visão e Caras, pedindo-lhes para “continuarem a trabalhar sem receber”, conforme anunciado no domingo, 27 de julho, pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ).O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste chumbou, em junho, o plano de insolvência apresentado pela TiN, determinando o encerramento da sua atividade. O tribunal – que proferiu decisão de não homologação do plano da TiN apesar de nenhum credor ou interessado ter requerido isso – entendeu que o plano de insolvência, ao prever que "não poderão ser movidas quaisquer ações para cobrança de dívida ou execuções aos avalistas das operações onde a ora insolvente seja titular", viola "o regime jurídico das garantias pessoais (avais)".Com Lusa..Trust in News, dona da Visão, comunica despedimento coletivo dos 80 trabalhadores.Tribunal chumba plano de insolvência da dona da Visão e determina fecho