Costa diz que "berbicacho" com a AstraZeneca pode atrasar vacinação
O primeiro-ministro admitiu esta terça-feira que, se for confirmado pela EMA a existência de um "berbicacho" com a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, haverá inevitáveis consequências na morosidade dos planos de vacinação da União Europeia.
Um problema que tem a ver com o facto da vacina daquela farmacêutica poder mesmo provocar tromboembolismos, mas que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) continua a avaliar, de acordo com uma nota enviada esta terça-feira ao DN já depois da entrevista dada pelo diretor da estratégia de vacinas da EMA, Marco Cavaleri, ao jornal italiano Il Messaggero. A EMA diz que "a análise está em andamento", mas os especialistas "ainda não chegaram a uma conclusão", sendo que só emitirá um relatório final "amanhã ou na quinta-feira". Assim, a posição oficial mantém-se que a vacina é segura e eficaz.
António Costa assumiu esta posição em conferência de imprensa, em São Bento, no final de uma reunião por videoconferência com presidentes de câmaras dos sete municípios que registam mais de 240 casos de covid-19 por cem mil habitantes nos últimos 15 dias: Alandroal, Carregal do Sal, Moura, Odemira, Portimão, Ribeira de Pena e Rio Maior.
Confrontado com o facto de o responsável pela estratégia de vacinação na Agência Europeia do Medicamento (EMA), Marco Cavaleri, ter assumido a existência de uma "ligação" entre a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca e os casos de tromboembolismos após a sua administração, António Costa disse que é preciso aguardar pela posição oficial da EMA sobre essa mesma matéria.
"No quadro da União Europeia, consideramos que é fundamental que haja uma posição uniforme relativamente às recomendações e indicações fixadas pela EMA no que respeita a cada uma das vacinas. Se houver um berbicacho, então isso terá inevitáveis consequências no processo de vacinação", apontou o primeiro-ministro.
Neste ponto, António Costa referiu que o processo de vacinação na Europa tem estado "fortemente condicionado pela capacidade de produção a montante", designadamente "pelo incumprimento por parte da AstraZeneca das suas obrigações contratuais".
"Se houver restrições acrescidas, isso traduzir-se-á inevitavelmente numa maior morosidade na forma de desenvolvimento do plano de vacinação", reforçou o primeiro-ministro.
António Costa observou depois que, neste momento, na União Europeia, não há vacinas alternativas para substituir imediatamente as da AstraZeneca.
"E as indicações médicas e farmacológicas, obviamente, têm de ser seguidas e respeitadas", acrescentou.
O primeiro-ministro manifestou-se hoje preocupado com a velocidade de transmissão das infeções de covid-19 nas escolas, que associou à variante britânica, e afirmou estar em curso um reforço da testagem e um alargamento da vigilância.
António Costa falava em conferência de imprensa, em São Bento, após ter estado reunido por videoconferência com os presidentes de câmaras dos sete municípios que registam mais de 240 casos de covid-19 por cem mil habitantes nos últimos 15 dias: Alandroal, Carregal do Sal, Moura, Odemira, Portimão, Ribeira de Pena e Rio Maior.
Confrontado com dados que indiciam um aumento dos contágios entre crianças, sobretudo desde que reabriram as escolas em 15 de março, o líder do executivo reconheceu estar apreensivo.
"Temos vindo a acompanhar muito de perto a situação. Como se recordam, houve uma testagem de todo o pessoal docente e não docente antes da abertura das creches, do pré-escolar e do 1º ciclo do básico. E, para um reforço do grau de proteção, está em curso uma vacinação massiva de todo o pessoal" docente e não docente de estabelecimentos de ensino, apontou.
No entanto, de acordo com o primeiro-ministro, há agora um dado novo.
"Ao contrário do que aconteceu no primeiro período [deste ano letivo], é que, agora, em resultado desta nova variante [britânica], que tem maior transmissibilidade, em regra, quando é comunicado um caso e quando se faz a testagem generalizada, verificam-se logo outros casos", revelou António Costa.
Nesse sentido, segundo o primeiro-ministro, após a identificação de um caso com uma criança numa escola, "estão também a ser testadas as respetivas famílias".
"Temos de alargar o universo de vigilância porque, de facto, esta variante, como já tínhamos percebido no final de dezembro, faz aumentar muito significativamente os riscos de transmissão", acrescentou.