Neste domingo, os bengalis que moram no Barreiro deram duas boas vindas: ao inverno e para as famílias que chegam à localidade recentemente. Foi o primeiro festival de inverno da associação Bangladesh do Barreiro, que ocorreu no clube recreativo 31 de Janeiro. O tradicional clube português cedeu o espaço gratuitamente para a realização do evento, que contou com a presença de 150 pessoas, entre imigrantes e portugeses convidados para a celebração."É o nosso Pitha Utsab, em que celebramos o inverno com comidas tradicionais, danças e brincadeiras", explica Shakur, vice-presidente da associação ao DN. O imigrante mora em Portugal há 11 anos e é empresário no ramo de viagens e turismo. Desde 2021, é também uma das lideranças desta comunidade migrante, fundando a associação.Cada família levou um prato típico, que foram partilhados numa grande mesa no centro do salão. As "estrelas" principais são os pithas, bolinhos doces feitos com base de arroz e coco, além de outros bolos em comemoração ao Pitha Utsab..Anne, médica do Bangladesh que está a viver em Portugal com a família há três anos, explica ao DN que o festival a é um "dos momentos importantes para a comunidade bengali". As pessoas presentes estavam com trajes coloridos e vibrantes, em especial as mulheres, com joias e maquilhagens..Novas famíliasAlém da comida, foram realizadas também brincadeiras e convívio entre as famílias. Segundo Shakur, foi também a oportunidade de conhecer melhor as novas famílias que chegaram na região nos últimos meses. "Chegou muita gente, mas ainda temos muita dificuldade em conseguir os vistos na Índia", explica o imigrante. O país não possui um consulado português, o que exige ir ao território vizinho para fazer a solicitação.De acordo com o vice-presidente da associação, este é um dos motivos que muitas famílias ainda estejam separadas. Por norma, os homens "vem primeiro" e depois de conseguir a documentação fazem o reagrupamento familiar, algo também difícil pela falta de vagas na Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA). Sobre a interação com os moradores portugueses, elogia o acolhimento, a começar "pela junta de fregusia, a câmara e o clube 31 de janeiro".Shakur ainda pontua que o perfil de imigrantes que chega é "muito empreendedor", especialmente na área do comércio, restauração e turismo. Há também quem trabalhe como condutor TVDE ou estafeta. O líder da comunidade rejeita que os bengalis sejam criminosos e que os cidadãos são pacíficos. Ao mesmo tempo, manifesta preocupação com "rixas no Martim Moniz", que "não concorda com as rixas" e que "tudo isto é muito ruim para todos os imigrantes".O imigrante também rejeita que a comunidade seja discriminatória com as mulheres e que defendem a "igualdade". Quando confrontado pelo DN sobre a associação só ter dirigentes homens, admite que a próxima gestão terá mulheres. "Criamos hoje uma lista com os nomes das mulheres para que participem mais", defendeu.Sobre o facto de a maior parte das mulheres não trabalhar fora de casa, dá como justificação as "dificuldades com o idioma". Anne, que é médica, está a estudar português, com objetivo de alcançar a certificação necessária para poder validar o diploma e retomar a carreira de 17 anos como médica especializada em urgências.amanda.lima@dn.pt.Aberto portal para imigrantes sem manifestação de interesse mas com inscrição na Segurança Social até 4 de junho.Demora em obter regularização leva imigrantes a regressarem ao país de origem