O relógio marca 9:19 na Estrada das Laranjeiras, em Lisboa. Na paragem circulam três autocarros que vão na mesma direção. A app de mensagens de texto - basta digitar o número da paragem para 3599 - refere que em dois minutos o autocarro em direção à Damaia de Cima vai passar. Cinco minutos, será a vez de outro veículo para a Pontinha. Mais cinco horários num intervalo de 15 minutos estão disponíveis na mesma mensagem de texto. Mas nenhum dos autocarros aparece. A paragem é uma das muitas que não possui o painel eletrónico com o horários dos autocarros, sendo o serviço de mensagem SMS, que existe desde 2013, o único meio disponível..Ao lado da rotunda do Marquês de Pombal há uma paragem com painel. Os autocarros partem dali para várias zonas diferentes da cidade. São 8:14 e o movimento é intenso, com intervalos curtos entre cada veículo no marcador. Mas, tal como no caso da app de SMS, os autocarros previstos não passam na hora indicada. “Todos os dias são assim. Eu já me habituei e saio de casa antes, porque se me programar com estes horários vou atrasar-me de certeza”, desabafa Helena Simões, rececionista que faz o percurso diariamente para ir e voltar do trabalho..Outras pessoas que estavam na paragem concordam que os horários “não batem”. Quando finalmente chegam, os veículos estão cheios. Um banco para sentar é uma missão difícil e as pessoas espremem-se umas às outras para conseguir entrar..Se o problema é com o horário, na hora de ponta da manhã, o DN decidiu fazer o teste à tarde. São quase 15:00 e as duas carreiras que ligam Alcântara ao Centro de Lisboa previstas na SMS recebida não aparecem no espaço de meia hora, apesar de constarem como a chegar em 8 e 12 minutos. Um dos autocarros chega somente 34 minutos depois. Como não há painéis com horários, resta apenas guiar-se pela SMS e esperar - muitas vezes em pé, porque nem todas as paragens possuem bancos. Na Avenida Fontes Pereira de Melo, moradores, por conta própria, decidiram instalar bancos de madeira onde deveriam estar bancos para os passageiros - mas foram retirados pouco tempo depois..O DN decidiu verificar a situação em outro horário e em outro ponto da cidade. É noite, no Cais do Sodré, um dos pontos mais movimentados de Lisboa - muito próximo da estação de comboios, de barcos e de metro e repleta de turistas - também não há marcadores eletrónicos de viagem. Ao confirmar pela SMS para o número 03802 às 21:17 a carreira do elétrico para Algés deve aparecer em 2 minutos - leva 5 minutos. Já o autocarro para Santa Apolónia, previsto para 21:22 simplesmente não aparece nos próximos 30 minutos..Há ainda casos em que o próprio serviço de SMS não funciona. “Serviço indisponível” é uma mensagem recorrente recebida pelos utilizadores. Diferente do metro, que passam de forma constantes, com intervalos que variam conforme o horário, quem recorre ao autocarros em Lisboa simplesmente não sabe se o autocarro previsto vai chegar. .Recentemente, a Carris Metropolitana lançou uma nova app que mostra os autocarros, em tempo real, mas são entidades e marcas distintas, pelo que não constam as carreiras da CARRIS que circulam somente em Lisboa. O DN perguntou à CARRIS sobre o motivo do “desaparecimento” dos autocarros pelo caminho, mas não obteve resposta. No site consta um aviso onde se lê que “poderão existir pontualmente breves interrupções do mesmo”para manutenções..amanda.lima@dn.pt